Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução da Internet.
Reprodução da Internet. Quarteto Takács

Ouça o álbum completo:


O CD desta semana é “Hough, Dutilleux & Ravel”, do selo Hyperion, e traz o celebrado Quarteto Takács numa parceria com o pianista inglês Stephen Hough. Aos 61 anos, ele é um dos grandes músicos da atualidade. Escolhi de propósito este álbum recém-lançado, e não um de piano solo, para coincidir com a segunda quinzena deste mês, em que Hough vai solar dois concertos de Rachmaninoff (o terceiro e o quarto), com a Osesp, além de dar um recital na Sala São Paulo. No recital, ele toca uma composição própria, a “Sonatina Nostálgica”.

O que poderia ser uma excentricidade do pianista é na verdade uma parte essencial de seu perfil artístico. Ou seja, ele se sente tão compositor quanto pianista. “Ensinar composição é perda de tempo (...) Tudo que um professor de composição pode fazer é encorajar ou desencorajar, apontar o que faria ou não, além da disciplina de aulas semanais para manter aceso o fogo criativo do aluno”, escreve em “Enough – Scenes from chidlhood”, cenas da infância, título do seu livro lançado este ano pela Faber and Faber inglesa. É sua segunda incursão literária. O primeiro, “Reflexões sobre música e mais”, é de 2020, da mesma editora.

Hough compõe regularmente música camerística, canções e para piano desde os anos 1990. O impulso, quem lhe deu foi o compositor norte-americano John Corigliano na saída de um recital. “No bis, toquei meu arranjo de ‘Carousel Waltz’. Ele me chamou de lado nos bastidores e disse: ‘Gostei muito, Stephen. Por que você não escreve sua própria música? Basicamente, significa apenas usar o seu material em vez do de Richard Rodgers”.

É o que ele vem fazendo, independente de escolas, tendências, ou preocupar-se em ser revolucionário, de vanguarda, ou conservador. Guia-se por sua sensibilidade. Isso fica patente na sua obra presente no álbum mais recente do Quarteto Takács, CD desta semana. O conceituado quarteto, parceiro frequente de Hough em concertos e gravações, encomendou-lhe uma obra que dialogasse com as duas do álbum, ambas francesas: o quarteto de Ravel, de 1903; e o quarteto de Henri Dutilleux, de 1976, intitulado “Ainsi la Nuit”.

Hough compôs “Les Six Rencontres”, Os Seis Encontros, seis movimentos concebidos como diálogos com cada um dos compositores da Paris dos anos 1920 conhecidos como o “Grupo dos Seis”. Não há citações de obras diretas de Poulenc, Honegger, Tailleferre, Auric, Durey e Milhaud. Ele quis absorver o sabor das obras deste grupo e nao um estilo mais definido, coisa que, aliás, não existia entre os seis. Eles só tinham um objetivo: fazer música menos cerebral, mais sensual, capaz de atingir públicos mais amplos.