Fundação Padre Anchieta

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Foto: Christoph Soeder
Foto: Christoph Soeder Igor Levit

Ouça o álbum completo:   


O pianista russo Igor Levit adora riscos, o que o diferencia no mar de pianistas robotizados que nos rodeiam. Levit nasceu em Novgorod 36 anos atrás, mas cresceu e estudou música na Alemanha. Seu itinerário é surpreendente. Um de seus primeiros álbuns, de 2007, enfoca os cinco concertos de Beethoven com a Orquestra de Câmara de Colônia (mas o principiante sola só o primeiro; os demais ficam por conta de outros pianistas). O salto para a celebridade aconteceu oito anos depois, em 2015, quando estreou na Sony com um ousadíssimo álbum triplo intitulado Bach-Beethoven-Rzewski. Nele Levit colocou as “Variações sobre ‘Um Povo Unido Jamais Será Vencido’”, de Rzewski, portentosa peça de uma hora de duração, no mesmo nível das muito mais ilustres “Variações Goldberg” e das “Diabelli”. Ganhou todos os prêmios internacionais.

Desde o início da carreira exerce uma liberdade absoluta em relação a seus projetos musicais. Como o álbum que acaba de lançar intitulado “Mendelssohn: Canções sem Palavras”. São apenas 43 minutos de música que concluem com uma peça do compositor francês Charles-Ferdinand Alkan, contemporâneo de Chopin e também de Mendelssohn. Teriam tudo para constituir apenas um álbum corriqueiro numa carreira fulgurante tecida só com projetos artísticos desafiadores.

Só que não. O CD desta semana na Cultura FM é um gesto de engajamento político, um grito ao mundo. Igor Levit reage musicalmente com estas peças de Mendelssohn como aos ataques de 7 de outubro a Israel e ao crescente antissemitismo no planeta. O álbum contém sua seleção de 14 canções sem palavras mas termina com um Prelúdio enigmático do compositor romântico francês Charles-Valentin Alkan. Os ganhos com o álbum serão doados a duas organizações alemãs que lutam contra o antissemitismo: o Centro de Aconselhamento OFEK para a Violência e Discriminação Antissemita e a Kreuzberg Contra o Antissemitismo.

Igor explica assim seu gesto: “Fiz esta gravação por uma necessidade interior muito, muito forte. Passei as primeiras quatro ou cinco semanas após o ataque de 7 de outubro num misto de mudez e paralisia total. E em algum momento ficou claro que eu não tinha outras ferramentas além de reagir como artista. Eu tenho o piano. Eu tenho minha música. E então, surgiu-me a ideia de gravar estas obras e doar os lucros desta gravação a duas organizações maravilhosas que trabalham na minha cidade, Berlim, para ajudar as pessoas que vivenciam o antissemitismo e para ajudar os jovens a não caírem nas garras do antissemitismo. É a minha reação artística, como pessoa, como músico, como judeu, ao que senti nas últimas semanas e meses. Ou, para ser mais preciso, é uma das muitas reações que me vieram à mente. ”