Ouça o álbum completo:
A flautista argentina Maria Cecilia Muñoz e a pianista canadense Tiffany Butt formam um duo com quase vinte anos de trabalho conjunto e amadurecimento. Gravaram em 2013 um álbum que justapõe Henri Dutilleux com Debussy, uma raramente tocada sonata de Charles-Marie Widor e Mel Bonis. E acabam de propor, num álbum recém-lançado, um dos mais interessantes álbuns de flauta e piano recentes. Seu eixo conceitual, explicam em texto no encarte, é “gravar obras dos compositores que, em climas hostis à arte e repressivos, encontraram um senso de liberdade por meio da criação musical e a expressão artística. Suas vozes, ao longo de todo o processo de produção deste álbum, foram nosso guia”.
Neste texto de tom emocionado, elas revelam que o projeto nasceu no início da pandemia, em 2020. Isoladas, impossibilitadas de realizar recitais e concertos públicos, focaram a busca de repertório em situações históricas de supressão da liberdade de criação artística.
As mulheres compositoras predominam porque sempre estiveram em situações de recalque e discriminação, como Mel Bonis, Clara Schumann e Amy Beach no século 19, e Ilse Weber e Sofia Gubaidulina, já no século 20. O único representante masculino é o pianista e compositor canadense David Braid, 49 anos, com uma obra deliciosa de 2023 encomendada pelo duo. Intitula-se “The Bird Fancyer’s Delight”, “As delícias de um encantador de pássaros”.
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