A argentina Sol Gabetta, 43 anos, afirmou-se como uma das grandes violoncelistas da atualidade em 2014, quando estreou como solista da Filarmônica de Berlim, da Staatskapelle Berlin. Quatro anos depois estreou no seletíssimo Festival de Salzburgo, na Áustria.
Ela vem gravando com superstars clássicas como a violinista moldava Patricia Kopatchinskaja e a mezzo-soprano italiana Cecilia Bartoli. No CD desta semana, lançado no início deste ano pela Sony Classical, ela junta-se ao excelente pianista francês BeRtrand Chamayou para interpretar a obra completa de Félix Mendelssohn para violoncelo e piano. Além disso, o duo toca peças curtas especialmente encomendadas por eles a compositores contemporâneos, em torno da canção sem palavras, opus 109, de Mendelssohn. Sâo obras em primeira gravação mundial do suíço Heinz Holliger, do espanhol FRancisco Coll, de 39 anos, e de dois alemães: Wolfgang Rihm e Jörg Widman.
Gabetta e Chamayou mantêm o duo há quase vinte anos, daí a interação perfeita entre estas duas fortes personalidades artísticas. Chamayou toca um pianoforte Blüthner (Leipzig 1859), e Gabetta o Stradivarius 'Bonamy Dobrée-Suggia' de 1717. Os instrumentos de época acrescentam maior intensidade e ao mesmo tempo sonoridades mais ríspidas, o que aumenta a voltagem das execuções. Isso fica claro nas “Variações concertantes, opus 17”, a sonata no. 1 de Mendelssohn, composta em 1838, respira ares claramente clássicos, com escapadas românticas no andante. A segunda sonata, de 1843, composta para seu irmao Paul, que era violoncelista, é mais romântica. Talvez por isso nossa atenção fixa mais o intenso adagio que se inicia com arpejos pianísticos acolchoando o primeiro tema enunciado pelo violoncelo.
Um “assai tranquillo” intercala-se entre as sonatas. A peça, de 1835, só se tornou conhecida no século 20, mais precisamente em 1962, e só publicada há 22 anos.
Entre as peças contemporâneas, as de Holliger são as mais instigantes. Widman, Coll e Rihm soam mais convencionais quando contrastados com Holliger.
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