Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução da Internet
Reprodução da Internet Ferruccio Busoni

Ouça o álbum completo: 


Dante Michelangeli Benvenuto Ferruccio Busoni nasceu em Empoli, perto de Florença, em 1866, filho único de pai clarinetista italiano e mãe pianista de ascendência paterna alemã. Estreou como pianista em Trieste em 1874, indo para Viena onde estudou e já tocou em público no ano seguinte. Por sugestão ilustre de Brahms, mudou-se para Berlim em 1886, estudando com Carl Reinecke, antes de lecionar nos conservatórios de Helsinque e Moscou. Na virada do século ele já era um dos maiores pianistas de seu tempo. Aos poucos, entretanto, a composição começou a assumir uma nova importância em sua vida. É verdade que manteve juntas as duas carreiras. Mas como pianista ele não parecia ter nenhum concorrente à altura. Esta é uma das razões pelas quais sua música é raramente tocada nas salas de concerto e menos ainda gravada. Durante a Primeira Guerra Mundial fixou-se em Zurique. Foram os únicos anos em que saiu de Berlim, onde viveu três décadas, até a morte em 27 de julho de 1924 – um século atrás.

Escolhi a suíte “Turandot” de Busoni como CD desta semana por causa do centenário de sua morte. E também porque de 2 a 11 de agosto o Teatro São Pedro sedia uma rara encenação de sua ópera “Turandot” ao lado de “Gianni Schicchi”, de Puccini.

É realmente uma pena que sua imagem pública como o maior pianista de seu tempo tenha recalcado sua qualidade como compositor e pensador da música no século 20. Tudo nele convida a uma viagem de descobertas.

No caso de “Turandot”, Busoni inverteu o tradicional hábito dos compositores líricos de só preparar uma suíte de concerto após a ópera consolidar-se como sucesso. Aí sim, eles costuram uma suíte com as melodias de maior ressonância pública. Pois desde 1904 Busoni pensou em compor algo em torno da fábula chinesa de Carlo Gozzi, do século 18. Gozzi conta a história da princesa Turandot, filha do imperador Altoum da China, que, recusando-se a casar, propõe que os pretendentes devem pagar com a vida se não resolverem três enigmas. A ideia de uma suíte sinfônica nasceu quando ele compôs a música incidental para a montagem teatral da história de Gozzi. Concretizou-a em 1905. Mas a ópera só estreou em 11 de maio de 1917.

Existe outra razão para a escolha da gravação da suíte. É que a Filarmônica de Hong Kong acaba de anunciar que terá como maestro titular a partir da temporada 2026/27 o mais novo fenômeno da regência finlandesa: Tarmo Peltokoski, de apenas 24 anos. Me pergunto se um músico de 24 anos tem alguma condição para reger semana após semana repertórios como sinfonias de Bruckner e Mahler, entre outros. Reger, sabemos, não é só balançar os braços marcando os tempos do compasso. É a mais desafiadora carreira musical. Bem, vejam como soa bem a Filarmônica de Hong Kong – que mandou embora Jaap van Zweden antes de contratar Tarmo. Zweden era titular em Hong Kong desde 2012.