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A princesa Anna Amália da Prússia nasceu em 9 de novembro de 1723 em Berlim, e lá morreu em 30 de março de 1787, aos 63 anos. Viveu muito mais do que a média da população no século 18, que era de 35 anos. Caçula dos onze irmãos do rei Frederico, o Grande, da Prússia, foi cravista, compositora e amante das artes. Tanto quanto seu ilustre irmão.
A musicalidade da família foi obra de sua mãe, que incentivou o filho Frederico a estudar música secretamente, já que o pai não aprovava. Este tratou de passar aos irmãos o que aprendeu. Quando chegou ao trono, em 1740, Frederico transformou sua corte num verdadeiro centro de filosofia e artes, particularmente música. Um de seus primeiros atos foi criar a orquestra da corte. Frederico foi o primeiro professor de música de Ana Amália; mais tarde, ela estudou também com o organista da catedral. Ana tocava cravo e fortepiano, violino e flauta, como Frederico. A partir de seus 30 anos, começou a estudar composição a sério. Sua biblioteca de partituras tinha mais de 600 obras dela e de terceiros. As suas incluem sonatas, marchas, corais, árias e canções.
A corte de Frederico o Grande teve Carl Philipp Emanuel Bach como cravista por três décadas. Wilhelm Friedemann, outro filho de Johann Sebastian Bach, também trabalhou na corte. Frederico teve Voltaire como conselheiro por um bom tempo o genial. Ele fugira da França para não ser preso. Mas o rei não era só músico. Também ciscava na filosofia política. Escreveu um livro intitulado “Anti-Maquiavel”, uma resposta ao “Príncipe” de Maquiavel. Detalhe; Voltaire deu muitos pitacos e estabeleceu o texto final do tratado real.
Recém-lançado pela Harmonia Mundi, o CD desta semana na Cultura FM nos leva a reviver uma noitada de música na corte de Frederico II, que além do apelido O Grande também tinha outro: o de Rei-Flautista. Pois o flautista Jean Brégnac lhe presta uma homenagem vibrante, num repertório que deve ter sido tocado muitas vezes naquela corte no século 18. Além dos dois Bach, comparece também o professor de música Frederico Johann Philipp Kirnberger, que estudou com o velho Bach. Além, é claro, de peças compostas pela própria princesa. Afinal, ela era organista, flautista, cantora, compositora, mecenas e autora de cartas que foram expressamente apreciadas por Voltaire.
Do círculo musical de Amalia também figur o Barão Gottfried van Swieten, então embaixador dos Habsburgos na corte da Prússia entre 1770 e 1777. Ele estudou com Kirnberger, aprendeu a amar a música do velho Bach. Uma consequência virtuosa desta vivência aconteceu quando o barão, já radicado em Viena a partir de 1781, o mesmo ano em que Mozart chegou à cidade, encomendou-lhe arranjos para quarteto de cordas de prelúdios e fugas do Cravo Bem temperado, e também uma versão em alemão do oratório “O Messias”, de Haendel. Mozart enriqueceu bastante a orquestração. Mas esta é outra história.
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