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O pianista Alexandre Dossin nasceu em Porto Alegre em 1970, e comemora seus 54 anos nesta sexta-feira dia 13. Radicado nos Estados Unidos desde os anos 1990, estudou na Universidade do Texas em Austin, um dos maiores centros de estudos e pesquisa musical latino-americana, sobretudo brasileira. Depois de lá estudar com Sergei Dorensky, doi professor na Universidade de Louisiana e depois na Universidade de Wisconsin.
Já lançou cinco álbuns pela Naxos nas últimas décadas, alguns interessantíssimos, como o de 2017 intitulado “Chidlhood manuscripts”, com obras para piano raras de Sergei Prokofiev. Seu projeto mais recente é a integral da obra para piano do compositor negro norte-americano George Walker em dois CDs sempre pela Naxos.
O primeiro volume, lançado em abril passado, traz obras para piano solo. O segundo está sendo lançado este mês e traz obras de Walker compostas entre 1971 e 2003. Contém, além de peças para piano solo, como as sonatas nos. 4 e 5, o ambicioso concerto para piano.
Nascido em Washington, em 1922, George Walker foi um aluno precoce que concluiu o ensino médio aos 14 anos. Em 1937, foi admitido no Conservatório Oberlin como o aluno mais jovem de sua classe. Estudou piano com David Moyer e começou as aulas de composição com Norman Lockwood. Após a formatura, foi imediatamente aceito no Curtis Institute, nos cursos de Rudolf Serkin e do compositor Rosario Scalero. Estreou em 1945 como compositor e intérprete no Town Hall de Nova York. Na década de 60, estudou com Nadia Boulanger em Paris. Entre 1969 e 1992 deu aulas na Universidade Rutgers, em Newark.
A obra central deste álbum é o “Concerto para Piano”, composto em 1975 graças a uma bolsa do National Endowment for the Arts, como parte das comemorações do Bicentenário dos Estados Unidos. “Foi a segunda tentativa de Walker de compor um concerto para piano e orquestra”, escreve Dossin no encarte. Uma tentativa de 1947 foi descartada por ele. Destaca-se o segundo movimento, inspirado na famosa “In my solitude”, composta por Duke Ellington em 1934.
Ellington, aliás, é presença perene na obra de Walker. Dossin escreve que o compositor “disfarçou magistralmente várias de suas famosas canções em suas composições, como Guido's Hand, um ciclo de peãs curtas, quase vinhetas”. O Guido do título remete a Guido d’Arezzo, o monge italiano do século XI que desenvolveu um método de solfejo. Na quarta peça, Walker cita de passagem “Satin Doll”, outra melodia clássica de Ellington. O pianista brasileiro esclarece que “as melodias nunca são copiadas ou literalmente citadas”. Outra sacada de Walker foi incluir a famosa melodia do spiritual “Sometimes I feel like a motherless child” no segundo movimento de sua sonata para piano no. 4. Não espere por citações literais.
George Walker recebeu o Prêmio Pulitzer de composição em 1996, por sua obra Lilacs (voz e orquestra). Ele permaneceu ativo como compositor e pianista após sua aposentadoria da Rutgers University em 1992.
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