Ouça o álbum completo:
A violoncelista alemã Raphaela Gromes, nascida em Munique 33 anos atrás, gosta de diferenciar suas gravações. Aprendi a gostar dela justamente por isso. Quatro anos atrás, por exemplo, ela lançou um álbum em que interpreta o concerto de violoncelo de Robert Schumann. Até aí, tudo convencional. Mas escolheu como seu par no CD da Sony Classical outro concerto na mesma tonalidade, lá menor. Só que de um desconhecido modernamente, Julius Klengel. Klengel nasceu em Leipzig em 1859, três anos depois da morte de Robert Schumann. Estudou violoncelo com o primeiro cello da Orquestra do Gewandhaus de Leipzig e aos 21 anos tornou-se ele mesmo o líder dos violoncelos na Gewandhaus. Eu disse que ele é desconhecido. Sim, do grande público, porque entre os músicos tem forte imagem como pedagogo, escreveu métodos pedagógicos e deu aulas para músicos notáveis como Gregor Piatigorsky.
Pois topei com um álbum recém-lançado por Raphaela, também pela Sony. A obra central é o conhecidíssimo “Concerto para violoncelo” do checo Antonín Dvorak. Previsível. Surpreendente é o restante do álbum e a orquestra escolhida para acompanhá-la. Simplesmente a Orquestra Sinfônica Nacional da Ucrânia e seu maestro Volodimir Sirenko. Raphaela construiu o CD a partir de um concerto eletrizante em que solou este concerto com a orquestra ucraniana e Sirenko, em dezembro de ano passado em Kiev – em plena batalha de resistência do país contra a invasão russa de seu território.
Por isso, mas também pela qualidade artística deste álbum, ele é o CD desta semana na Cultura FM. Além do concerto, que ocupa 38 dos 53 minutos de duração total do álbum, outras quatro faixas emblemáticas para os ucranianos, em arranjos de Julian Riem para cello e orquestra, preenchem os demais 15 minutos.
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