Saiba mais sobre a insegurança alimentar em aldeias indígenas de São Paulo:

Ter acesso a uma alimentação adequada e saudável em terras que não apresentam plenas condições para a sobrevivência é um dilema enfrentado pela maioria das aldeias indígenas em São Paulo. A pandemia de covid-19 agravou a insegurança alimentar mesmo entre os povos que já têm suas terras regularizadas.

Indígenas que trabalham com a venda de artesanato, com o turismo e até com a atividade literária enfrentam dificuldades nesse grave momento da pandemia no Brasil.

A situação em que vivem os índios Guarani nas terras do Jaraguá, zona noroeste de São Paulo, ficou ainda mais precária. “São seis aldeias, algumas com área muito pequena para fazer os cultivos tradicionais, como milho, mandioca e amendoim”, afirma o ambientalista Adriano Sampaio (49). Ele realiza um trabalho de manejo da água na aldeia Tekoa Itakupé, e em 2020 arrecadou uma tonelada de alimentos para os moradores em uma campanha de doação entre amigos. Também conseguiu a soma de R$ 10 mil para iniciar a criação de peixes nos três lagos que foram abertos na aldeia após a recuperação das nascentes de rios assoreados pelo desmatamento. “Eu vejo que a doação de alimentos nesse momento de pandemia é menor para os índios”, ressalta Adriano, comparando às campanhas destinadas a outras comunidades.

No extremo sul de São Paulo, as aldeias da região de Parelheiros também tiveram a rotina afetada pela pandemia. O escritor Olívio Jekupé (55) mora na aldeia Krukutu, uma das nove da região, onde vivem cerca de mil índios. Segundo ele, as famílias perderam as principais fontes de renda, obtidas com o turismo e a venda de artesanato. A atividade literária também foi prejudicada, conta Olívio, que costumava fazer palestras em escolas e ongs. “Quanto à alimentação as aldeias foram muito afetadas. Quem está doando alimentos são ongs, igrejas e o governo, um pouquinho de cada”, descreve.

A campanha Cultura contra fome, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo visa arrecadar alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade durante a pandemia.

O programa "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 FM, de segunda à sexta-feira, às 10h da manhã, na Cultura FM, Cultura Brasil e no aplicativo Cultura Digital.