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Nesta semana (terça-feira, dia 17), Chico Carvalho comentou no programa “Estação Cultura” sobre a escrita multidimensional de um escritor que através das palavras produz um poderoso painel de imagens e sons no qual o leitor é enredado a cada página virada.

“Os Passos Perdidos” é praticamente uma releitura do mito de Fausto, do sábio que nunca está satisfeito com aquilo que tem, e deseja sempre mais. Um compositor é incumbido de viajar para a floresta sul-americana com o objetivo de encontrar e catalogar instrumentos musicais pré-históricos. Com isso, busca entrar em contato com a música na sua condição mais ancestral, anterior a qualquer contaminação de estilo ou técnica. A viagem torna-se um mergulho para dentro de si mesmo, onde todos os vícios de uma civilização “moderna” são confrontados com uma realidade própria onde o tempo é reorganizado para uma existência plena de sentidos e significados.

Alejo Carpentier foi um romancista, ensaísta e músico cubano de formação clássica. Apesar de ter nascido na Suíça, de pai francês e mãe russa, viveu a infância em Havana, para onde retornou e se fixou após a revolução de 1959, depois de ter vivido por muitos anos na França e na Venezuela. É considerado por muitos como a figura intelectual mais importante de Cuba no século 20, tendo recebido o Prêmio Miguel de Cervantes em 1997, reconhecimento máximo das letras hispânicas.

O quadro encerra com a trilha sonora do filme "A missão", de 1986, em arranjo para violoncelo. O compositor é Ennio Morricone, Yo-Yo Ma ao violoncelo, acompanhado pela Sinfonieta de Roma, com regência do próprio Morricone. O filme “A Missão”, dirigido por Roland Joffé, tem como cenário as terras nativas da floresta sul-americana, e o convívio entre indivíduos de diferentes culturas, o mesmo tema do livro de Carpentier.

O "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3, de segunda a sexta-feira, às 10h. O programa é transmitido também no aplicativo Cultura Play.