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Carol Veras - AGÊNCIA CENARIUM

MANAUS (AM) - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou o caso de agressão cometido por integrantes da equipe de campanha do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), nessa quinta-feira, 29, ao repórter do Radar Amazônia Adriano Santos. À CENARIUM, a presidente da associação, Katia Brembatti, alertou que profissionais da comunicação não devem ser impedidos de cumprir com seu trabalho.

"Jornalistas têm o dever de abordar políticos e fazer perguntas, como forma de representar a população, que tem o direito de ser informada”, destacou a presidente da Abraji, lembrando que as equipes que acompanham autoridades e candidatos precisam estar devidamente preparadas para lidar com multidões e, principalmente, com o atendimento da imprensa.

As equipes que acompanham autoridades e candidatos precisam estar devidamente preparadas para lidar com multidões e, principalmente, com o atendimento da imprensa”, destacou.

A presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Kátia Brembatti (Divulgação/Abraji)

A agressão aconteceu no Auditório Nina Lins, na Universidade Nilton Lins, no bairro Parque das Laranjeiras, Zona Centro-Sul de Manaus. Imagens mostram que o profissional foi agredido pelo segurança, identificado como tenente Renato Araújo Mota, ao questionar o prefeito sobre possível crime eleitoral cometido no local. O segurança tentou arrancar o microfone da mão de Adriano Santos.

Segundos depois, é possível assistir novamente o repórter tentando chegar próximo a David Almeida, mas é impedido pelo fotógrafo da campanha do candidato à reeleição, que o atinge com o cotovelo e o empurra.

O repórter Adriano Santos relatou que antes do momento da agressão, a equipe havia feito algumas perguntas ao prefeito, mas não conseguiu concluir as perguntas e por isso foi em direção David Almeida.

“Você vê no vídeo que ele já foi saindo de forma rápida, eu tento ir em cima dele para concluir ali a minha pergunta. Fazer o que eu fui fazer né, mas o segurança, eu acho que é o segurança dele. Eu não sei quem é aquele homem alto, e puxa o meu microfone com muita força, ele arranca parte de cima do microfone tanto que cai no chão e eu pensei até que tinha perdido, ainda bem que a gente conseguiu recuperar. O fotógrafo dele me dá uma cotovelada que eu vou falar para você, só que na hora estava com tanta vontade que chega perto dele para fazer uma pergunta que eu nem liguei na hora“, relatou o jornalista à reportagem.

O repórter já havia sido agredido verbalmente pelo gestor municipal em outra ocasião: "Você é um teleguiado!", disse o prefeito. "Não venha fazer jornalismo de bodó. Vocês fazem política de bodó, na lama", completou em crítica ao profissional durante uma coletiva de imprensa, em outubro de 2022.

Agressões contra a imprensa

Dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) destacam a queda de quase 52% no total de episódios de agressão contra jornalistas em 2023, mas alertam para o crescimento de 92,31% nos casos de cerceamento ao exercício profissional por meio de ações judiciais. Ao todo, foram registrados 181 casos de repressão à imprensa no ano passado.

A federação ressaltou que, "apesar da redução em números absolutos, a violência contra jornalistas no País está no mesmo patamar de 2013, quando aconteceram as jornadas de junho e houve uma explosão das violações a atividade jornalística no Brasil, a partir da cobertura dos atos de rua".

A pesquisa ainda indicou que as principais ocorrências de violência ocorreram no Governo Bolsonaro, "sendo ele próprio o principal agressor", concluem os estudos. Entre 2019 e 2022, Bolsonaro atacou veículos de comunicação e jornalistas em 570 ocasiões, o que corresponde a uma média de 142,5 ataques por ano.

Ameaças, hostilizações e intimidações foram a forma mais comum de violência, com 42 casos relatados. As agressões físicas vieram em seguida, com 40 episódios. Agressões verbais totalizaram 27 casos e 13 casos de impedimentos ao exercício profissional.