Agência Cenarium

Derrubada de sigilo da investigação revela novas informações; veja detalhes

O inquérito contém mais de 2 mil páginas constando depoimentos de pessoas próximas dos investigados e familiares, prints de conversas entre os suspeitos.


04/09/2024 10h15
Ana Pastana - AGÊNCIA CENARIUM

MANAUS (AM) - Após a Justiça do Amazonas suspender o sigilo das investigações sobre a morte de Dilemar Cardoso Carlos da Silva, ex-integrante do boi Garantido, conhecida como Djidja Cardoso, a CENARIUM teve acesso a depoimentos e vídeos incluídos no inquérito policial. Os documentos foram produzidos pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), que investigou a criação da seita religiosa "Pai, Mãe, Vida" criada pela mãe e irmão de Djidja, Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, respectivamente, além dos funcionários do salão da rede de salões de beleza Belle Femme, de propriedade da família Cardoso.

O inquérito contém mais de 2 mil páginas constando depoimentos de pessoas próximas dos investigados e familiares, prints de conversas entre os suspeitos, registros de transferências de contas bancárias e outras provas que confirmam a tese de investigação da PC-AM sobre a fundação da seita religiosa para fornecer e induzir pessoas a utilizar drogas psicotrópicas.

Após a apreensão do celular de Cleusimar Cardoso durante a primeira primeira fase da Operação Mandrágora, os investigadores tiveram acesso a uma conversa de Bruno Roberto com a ex-sogra. O ex-namorado de Djidja afirma acreditar que ele, Cleusimar e Verônica Seixas, gerente de uma das unidades do salão de beleza, fazem parte de uma "trindade". Bruno diz que Djidja teria curado avó e incentiva a ex-sogra continuar fazendo o uso de "key", uma referência à substância Cetamina.

Testemunhas

Depoimento prestado por uma testemunha, identificado como Paloam Cardoso Novo, que consta nos autos do processo, indica que Bruno Roberto fazia parte da seita religiosa efetivamente e que ele teria confidenciado ao depoente a aplicação de "Deca", o anabolizante Deca-Durabolin, na avó de Paloam e da Djidja, durante um suposto ritual de cura. A idosa faleceu no dia 29 de junho de 2023. No dia anterior, 28 de junho, a testemunha teve conhecimento de que havia acontecido um ritual da cura, onde por volta das 18h fizeram a aplicação da bomba. Além disso, ele declarou que também teriam ministrado maconha para que a idosa pudesse meditar.

O declarante afirmou que tinha conhecimento de que a avó, mãe de Cleusimar, estava fazendo uso de alguns psicotrópicos mas não sabia identificar quais seriam.

A declarante afirma também que Bruno aplicava Cetamina em Djidja, mesmo ela estando debilitada. Na noite anterior da morte da ex-integrante do boi Garantido, Bruno teria injeto anabolizante na ex-namorada e ficou triste por ela ter morrido após a aplicação da bomba.

Novas imagens anexadas no inquérito policial, mostram o ex-namorado da empresária deixando um frasco de Cetamina em cima da cama de Ademar, irmão de Djidja. "Mano, tá aqui, 20ml. A Djidja separou, vou deixar aqui na tua cama", diz Bruno, no momento em que deixa o anestésico na cama e chega a cobri-lo com um lençol, como se fosse uma pessoa. "Quando você chegar, tem um presentinho pra você", complementa.

No dia 10 de junho, a testemunha identificada como Luziene Vale Queiroz, empregada doméstica da família Cardoso, declarou pontos que até então, não havia sido exposto. De acordo com a declarante, a prestadora de serviço foi contratada em 2022 e neste ano, Ademar, Djidja e a mãe, Cleusimar, faziam uso de maconha e que colocavam a Cetamina no micro-ondas para virar pó.

Ainda na declaração, Luziene afirma que o uso frequente de Potenay por Cleusimar, Ademar, Djidja, Verônica e Bruno se deu no inicio de 2023. No final do mesmo ano, a declarante disse que começou a presenciar os funcionários do salão de beleza Claudiene, Verônica e Marlisson, junto com a família Cardoso, fazendo reuniões para assistir Cartas de Cristo. Luziene relata que os investigados utilizavam a mesma seringa para fazer a aplicação da droga psicotrópicas e que só trocavam quando a ponta do objeto entortasse.

A empregada doméstica disse que a mãe, Cleusimar, ficava com a menor dosagem em comparação aos filhos. Djidja e Ademar aplicavam 20ml de Cetamina, Cleusimar, aplicava apenas 10ml. Luziene afirmou que Djidja era como uma filha e que após a morte da avó materna e a separação do namorado, o uso de drogas se tornou frequente. A prestadora de serviço relata que a empresária chegou até a usar fraudas, em decorrência do estado debilitado em que Djidja estava. Segundo o depoimento, Cleusimar é acusada de maltratar a filha com beliscões, torção de braço e assanhar o cabelo. Luziene afirma que Djidja estava muito fraca e não conseguia se defender.

Funcionárias do salão

Em conversas mantidas com a maquiadora do salão de beleza Belle Femme, Claudiele Santos da Silva, apontam que o grupo pretendia fazer atendimentos assim como Chico Xavier. Na há informações de quem seria o autor da mensagem.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Verônica foi a responsável por alterar o contrato social da rede de salões de beleza para inserir a atividade de pet shop, com o objetivo de facilitar a compra de Cetamina, apontou as investigações.

A família Cardoso tinha um desejo de abrir uma clinica veterinária para ter acesso mais fácil aos medicamentos utilizados em animais. Em conversa entre Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza e a maquiadora Clauidele Santos, a gerente utiliza um programa de Inteligência Artificial (IA) que confirma a possibilidade de compra de medicamentos de uso veterinários através de um CNPJ especifico da área.

Indiciados

Ao todo, 11 pessoas foram indiciados:

  • Ademar Cardoso, irmão de Djidja Cardoso;
  • Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso;
  • Verônica da Costa Seixas, gerente do Belle Femme;
  • Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro e maquiador;
  • Claudiele Santos da Silva, maquiadora do salão de beleza;
  • Bruno Roberto Lima, ex-namorado de Djidja;
  • Hatus Silveira, ex-fisiculturista
  • José Máximo, dono da clínica veterinária MaxVet e responsável por outros estabelecimentos;
  • Savio Pereira, funcionário da clínica MaxVet;
  • Emicley Araújo, funcionário da clínica MaxVet.
  • Roberleno Ferreira de Souza
Ademar Cardoso

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; perigo para a vida ou saúde de outrem; falsificação; corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; charlatanismo; curandeirismo; aborto provocado sem consentimento da gestante; estupro de vulnerável; sequestro e cárcere privado e constrangimento ilegal;

Cleusimar Cardoso

Indiciada pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; perigo para a vida ou saúde de outrem; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; charlatanismo; curandeirismo; sequestro e cárcere privado; constrangimento ilegal; tortura com resultado morte;

Verônica Seixas

Indiciada pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; perigo para a vida ou saúde de outrem; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; charlatanismo; curandeirismo; sequestro e cárcere privado; constrangimento ilegal;

Marlisson Vasconcelos e Claudiele Santos

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; perigo para a vida ou saúde de outrem; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; charlatanismo; curandeirismo;

José Máximo Silva de Oliveira

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas;

Emicley Araújo

Indiciado pelos crimes de: associação para o tráfico de drogas; favorecimento pessoal e favorecimento real;

Sávio Soares

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; favorecimento pessoal e favorecimento real;

Hatus Silveira

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica;

Bruno Roberto

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; perigo para a vida ou saúde de outrem; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; charlatanismo; curandeirismo;

Roberleno Ferreira de Souza

Indiciado pelos crimes de: tráfico de drogas; associação para o tráfico de drogas; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais;

Caso Djidja

Djidja Cardoso, foi encontrada morta na residência onde morava no dia 28 de maio. A morte da ex-item do Boi Garantido levou à investigação que resultou na prisão da mãe e irmão da vítima, além de funcionários da família, suspeitos de participar de uma seita que fornecia e incentivava o uso recreativo da Cetamina.

No endereço, a polícia apreendeu vários frascos do medicamento Cetamina, anestésico usado em animais, além de seringas e luvas. A polícia indica que a alta dosagem do medicamento foi o que causou a morte por overdose de Djidja Cardoso. A investigação do “Caso Djidja“ foi concluída no mês de junho.

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