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Fabyo Cruz - AGÊNCIA CENARIUM

BELÉM (PA) - O Rio Marupá, localizado na Região do Alto Tapajós, no Pará, que já foi uma importante fonte de vida e subsistência, sobretudo para o povo indígena Munduruku, agora se resume a um leito de barro, onde a água desapareceu em meio à seca severa e à destruição causada pela mineração ilegal. As denúncias foram feitas pelo Coletivo Audiovisual Indígena Wakoborun, por meio de imagens que retratam um cenário desolador. Em uma das fotos divulgadas pelo grupo, é possível ver uma draga de garimpo atolada no que antes foi um afluente do Rio Tapajós.

Em entrevista à CENARIUM, a coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun, Ediene Kirixi, relatou que as dragas de mineração, que funcionam sem cessar, têm contribuído para o desvio e secagem de rios e igarapés na região. “Existe draga ali naquele rio, que já fazia meses trabalhando, fazendo aquela montoeira de calcário. Isso impacta, deixa o rio seco, eles desviam o igarapé”, relata. A liderança destacou ainda que, devido à atuação constante das dragas, o Rio Marupá, que já era de pequena extensão, está cada vez mais afetado pela seca intensa que se abate sobre o território.

A crise hídrica não só compromete o acesso à água para as comunidades indígenas, mas também dificulta o transporte e a comunicação entre as aldeias. “As aldeias não estão podendo mais trafegar, transportar as coisas do município de Jacareacanga para a aldeia na emergência”, conta Ediene. Além da seca, a fumaça causada pelas queimadas na região agrava a situação, impedindo o uso de aeronaves para suprir as necessidades básicas das comunidades.

Ediene Kirixi também apontou o impacto das hidrelétricas instaladas na região do Alto Tapajós, que contribuem para a redução do volume de água dos rios. “Existem quatro hidrelétricas nesse rio, que faz secar de cima para baixo. A gente está vivendo com esse problema do sistema climático muito forte”, enfatiza. O impacto não se limita aos humanos: a vida animal também está em risco. Peixes e outros animais estão morrendo em igarapés secos, e aves, como araras, têm sido encontradas mortas na região.

A coordenadora alerta que a destruição ambiental no território Munduruku não é apenas uma questão de perda de água, mas de sobrevivência para toda a vida na região. “Água faz falta, água é uma vida para nós. A gente sabe que todos os seres humanos e todos os seres vivos também dependem da água”, desabafa.

O cenário do Rio Marupá é um reflexo da exploração desenfreada e ilegal dos recursos naturais, que não só contamina as águas com resíduos tóxicos, como também altera drasticamente o ecossistema local, comprometendo a saúde e o sustento do povo Munduruku e das futuras gerações. O apelo das lideranças indígenas é por uma ação urgente das autoridades para conter a degradação ambiental, proteger os territórios e garantir a sobrevivência das comunidades que dependem dessas águas.

Território Munduruku entre mais afetados pelo garimpo

Uma análise do Greenpeace Brasil, feita por meio de imagens de satélite, revela que a atividade de garimpo continua em expansão para novas áreas dentro de Terras Indígenas (TIs) na Amazônia. Nos primeiros seis meses de 2024, foram detectados 417 hectares de áreas desmatadas associadas ao garimpo nas TIs Kayapó, Munduruku e Yanomami.

Durante o período analisado, a região mais prejudicada foi a TI Kayapó, com 54,4% dos alertas, seguida pela TI Yanomami, com 40,63%. Por sua vez, a TI Munduruku registrou 4,87% do total de alertas no mesmo período. Esses dados foram obtidos por meio do sistema de monitoramento Papa Alpha, desenvolvido e utilizado pelo Greenpeace Brasil.