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Ana Pastana - AGÊNCIA CENARIUM

MANAUS (AM) - Uma embarcação que navegava pelas proximidades do município de Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus) foi saqueada nessa sexta-feira, 6, enquanto trafegava pelo Rio Madeira. A balsa transportava, aproximadamente, 1.200 toneladas de alimentos que iriam abastecer Manaus. O proprietário do barco estima prejuízo de R$ 4 milhões.

À CENARIUM, o comandante da balsa, Aqel Corrêa, informou que a embarcação parou para o descanso noturno, seguindo a orientação da Marinha do Brasil, em razão da baixa visibilidade de navegação causada pela seca dos rios. Foi quando homens em pequenas embarcações aproveitaram para saquear a mercadoria que estava na balsa, como açúcar, óleo, ração, trigo e farinha.

"Como o rio está muito seco e com muita fumaça, estamos seguindo uma recomendação por questões de segurança, parando todas as noites, e em uma dessas paradas, na comunidade do Marmelo, o pessoal invadiu a balsa", disse.

Por meio das imagens do circuito de segurança da balsa, é possível visualizar a quantidade de embarcações do tipo rabeta – pequenas canoas com motor acoplado – usadas no saque dos mantimentos.

Suspeitos

A tripulação de dez pessoas viveu momentos de terror quando cerca de 150 pessoas invadiram a balsa, ameaçando os trabalhadores. De acordo com o comandante, os saqueadores fizeram ameaças de morte e até de atear fogo na embarcação com os ocupantes dentro.

Esta é a primeira vez que Corrêa sofre um ataque dessa proporção. "Uma vez, a balsa bateu em uma pedra e iria afundar; realmente, nessas horas, a gente pensa: 'vai afundar, então pode pegar a carga porque vai afundar de qualquer jeito'. Mas, nesse caso, não, a balsa estava em boas condições, não bateu em nada, estava normal", disse.

Aqel também afirmou que as informações de que o saque poderia ter ligação com uma possível represália contra a Polícia Federal (PF) ou que a balsa estava afundando não procedem. "Inventaram uma notícia de que, primeiro, era uma represália contra a Polícia Federal e, depois, de que a balsa estava afundando, e por causa disso invadiram", ressaltou.

Estima-se que o prejuízo da mercadoria saqueada seja de R$ 4 milhões. O proprietário da embarcação pretende suspender as atividades temporariamente. "Nós estamos pensando em parar as atividades até que a gente se sinta seguro de novo para poder navegar porque do jeito que está, o prejuízo sempre ficará para a gente, e não tem como trabalhar com uma insegurança desse tamanho", lamentou.

Rio Madeira

No último dia 7 deste mês, o Rio Madeira registrou 2,07 metros em Porto Velho, o nível mais baixo já registrado para essa época do ano desde que os dados começaram a ser coletados, em 1967. No final do mês de julho, a situação era a mesma: 2,45 metros, a menor marca para o período.

Ao se aproximar da cota dos 2 metros, os dados indicam a gravidade do cenário. No dia 6 de outubro de 2023, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), foi registrada a cota mais baixa da história: 1,10 m.