Joselinda Lotas - AGÊNCIA CENARIUM

BOA VISTA (RR) - Com um aumento de 10% nos casos de violência doméstica, em relação ao ano anterior, vítimas de violência que residem em Roraima passaram a poder solicitar medida protetiva de urgência pela internet. A ferramenta está disponível no site da Polícia Civil do Estado (PC-RR).

Em muitos casos, o deslocamento até uma delegacia física é um dos motivos que contribui para a subnotificação de registos. De acordo com a delegada-geral da Polícia Civil de Roraima, Darlinda de Moura Viana, a nova ferramenta também permite o envio de imagens e áudios.

“A mulher que precisar solicitar medidas protetivas de urgência, mas não pode ir até uma delegacia de polícia, pode solicitar através do site policiacivil.rr.gov.br. A pessoa preenche o formulário, e pode também gravar vídeo ou áudio, que servirá como evidência, e enviar junto com sua solicitação”, explica Viana.

Ainda segundo a delegada-geral, após o envio das informações, o registro é encaminhada a uma delegacia de polícia, que vai realizar a análise do caso e solicitar as medidas cabíveis ao Poder Judiciário do Estado.

“A instituição traz mais uma ferramenta no auxílio de mulheres vítimas de crimes, além de auxiliar na repressão dessa violência doméstica e familiar”, afirma a titular da PC-RR.

Números em alta

Dados divulgados pelo governo federal apontam que o número de denúncias de casos de violência doméstica contra mulheres recebidos pelo Disque 180 cresceu em Roraima. Só neste ano, a ferramenta registrou 122 denúncias, o que representa um aumento de mais de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.

As estatísticas apontam, ainda, que 77 denúncias foram apresentadas pela própria vítima, enquanto em 45 dos casos registrados o denunciante foi uma terceira pessoa. As autoridades informaram que a casa onde a vítima reside com o suspeito é o cenário onde mais situações de violência são registradas no Estado. Ao todo, 51 denúncias feitas possuíam esse contexto.

De acordo com dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil é o quinto País que mais mata mulheres no mundo. O levantamento divulgou que, a cada seis horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil. Além disso, a cada seis minutos uma menina ou mulher sofre violência sexual.

O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher. A central recebe denúncias de violações contra as mulheres, encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.

Ações educativas

A diretora da Secretaria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), Glauci Gembro, também presta assistência às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, com atendimentos jurídicos, psicológicos e de assistência social.

A pasta da Casa Legislativa tem levado informações sobre a Lei Maria da Penha para as escolas do Estado. No último ano, oito mil pessoas de quase 40 escolas foram alcançadas pelas palestras informativas e orientativas.

“Nós temos um trabalho nas escolas que é continuado, que falamos sobre os tipos de violência e entregamos material informativo para esses adolescentes, para que eles não repitam esse comportamento agressivo e não sejam futuros agressores”, destaca Gembro.