Giuliana Fletcher - AGÊNCIA CENARIUM
MANAUS (AM) - O presidente do diretório do Partido dos Trabalhadores no Amazonas (PT-AM), deputado estadual Sinésio Campos, interrompeu uma reunião interna da legenda na noite dessa quarta-feira, 11, após os debates serem iniciados antes da sua chegada ao local. De acordo com a vice-presidente da sigla no Estado, Kívia Mirrana Pereira, o parlamentar agiu com comportamento misógino e machista contra ela, que presidia as discussões quando ele entrou no espaço.
À CENARIUM, Kívia afirmou que desde que começou a exercer forte posicionamento contra a conduta do deputado Sinésio nas discussões internas do PT, ela percebeu reações hostis. A vice-presidente da legenda no Estado também declarou que sofre violência de política de gênero.
"A minha atitude gerou hostilidade da parte dele, inclusive na falta de registros dos meus posicionamentos e falas em algumas atas do Partido. Além de mim, a falta de trato dele com relação aos dirigentes é frequente, seja homens ou mulheres. Em reunião na semana passada, o presidente, ao ser confrontado sobre sua postura, saiu da reunião em curso e com quórum, forçando-nos a finalizar a reunião que tinha como pauta o processo eleitoral", declarou.
Em nota que repudiou a atitude de Sinésio, a secretária estadual de mulheres do PT, Francinete Lima, descreveu que Kívia assumiu a condução da reunião conforme as diretrizes da legenda. Os debates foram iniciados cerca de 40 minutos após o horário definido, porque havia quórum suficiente para o início das atividades, apesar da ausência de Sinésio Campos.
Ainda segundo a nota enviada à imprensa, Francinete destacou que Campos ordenou que os trabalhos fossem suspensos porque ele era o "presidente de fato e de direito”. Ela classificou a atitude do parlamentar como grosseira, arbitrária e profundamente machista e misógina.
"Ato de desrespeito que causou a companheira Kívia Mirrana um visível abalo emocional, e em lágrimas, se viu obrigada a se retirar da sala de reunião. Eu estava presente e não posso me calar diante dessa demonstração clara de abuso de poder e de violência política e psicológica que vai contra tudo o que defendemos enquanto partido", afirmou.
A vice-presidente do PT confirmou ainda que sua motivação a se retirar da reunião foi o deputado ter permanecido do local após o confronto e observar que boa parte dos presentes permaneceu calada.
"Quem pertence ao grupo dele se recusou a se posicionar contra e outros, ficaram assustados, diante de atitudes corriqueiras. O meu confronto e fala denunciando esse tipo de situação foi claro, assim como a minha retirada da sala".
Segundo a vice, a atitude de Sinésio Campos é uma conduta recorrente e relembra situações. “Em ocasiões como o lançamento do programa "Elas por Elas" deste ano, o Deputado se recusou a me cumprimentar ou a mencionar publicamente meu nome, mesmo com minha presença na mesa e na condução dos trabalhos ao lado da Secretaria. Tal atitude demonstra que o Deputado me ignora enquanto dirigente por ser mulher, jovem”, declarou.
A vice-presidente afirmou ainda que não pretende solicitar retratação do deputado Sinésio Campos, mas que a relação com o presidente será tratada pela Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores e, posteriormente, levada ao conhecimento da Executiva Nacional do PT.
A CENARIUM tenta contato com o deputado estadual, por meio de sua assessoria, para posicionamento sobre o caso. Até o momento não houve retorno.
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