Giuliana Fletcher e Jadson Lima - Da Agência Cenarium
MANAUS (AM) - A preservação e responsabilidade com a sustentabilidade no Amazonas são os focos da Carta de Compromissos Ambientais, idealizada pela Associação dos Movimentos Ambientais do Amazonas (AMA), com o apoio da superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). O documento será apresentado aos candidatos que concorrem às eleições municipais de 2024 para as câmaras municipais e prefeituras do Amazonas, e deve ser lançado até o final de setembro.
A CENARIUM conversou com o superintendente do Ibama no Estado, Joel Araújo, e com o ativista ambiental e presidente da Rede Sustentabilidade, Gilberto Ribeiro. Eles são alguns dos signatários do documento que está em fase de elaboração. Até este sábado, 14, a Carta de Compromissos conta com 15 eixos que estruturam as recomendações.
Joel Araújo afirmou que a iniciativa reúne diversas entidades, organizações e representantes da sociedade civil com atuação em questões ambientais. Ao definir as medidas a serem executadas durante o período eleitoral, os participantes resolveram criar a carta e buscar o apoio de políticos que disputam cargos em Manaus.
"Essa é uma primeira ação da associação para eleger parlamentares e prefeitos que tenham as causas ambientais como prioridades, visando a série de resultados advindos das mudanças climáticas que afetam diretamente o Amazonas e a cidade de Manaus", destacou Araújo.
A minuta do documento, a qual CENARIUM teve acesso, é dividido em 15 eixos principais. Dentre eles estão: Educação Ambiental e Inclusão Sociocultural Indígena; Desmatamento e Degradação Ambiental; Conservação e Unidades de Conservação; Orçamento e Recursos; Tecnologias e Monitoramento Ambiental; Qualidade dos Recursos Hídricos; e Saneamento Básico e Brigadas de Incêndio.
Os responsáveis pela carta preveem que a redação final atingirá 17 pontos principais. Dos 15 já previstos, Araújo aponta três como fundamentais para atenção dos políticos nos próximos anos, considerando situações agravantes no Amazonas: a estiagem, as queimadas e a educação ambiental. O superintendente do Ibama acredita que as assinaturas são essenciais para gerar transformações socioambientais.
"Essa é uma maneira de garantir que os eixos descritos na carta realmente serão priorizados pelos candidatos eleitos, que, ao assinarem o documento, certamente serão cobrados futuramente", afirmou.
Negacionismo
O ativista ambiental Gilberto Ribeiro, um dos signatários da Carta de Compromissos, afirmou à CENARIUM que o “negacionismo” aos alertas de especialistas “nos trouxe até aqui”. Para ele, o futuro é imprevisível se a população não cuidar dos ecossistemas urbanos. “Os especialistas mostram a degradação que está ocorrendo por falta do cuidado desse ambiente, que é essencial para a vida de todos, não só humana”, disse.
Ribeiro criticou a ausência de propostas em Manaus para solucionar o problema de moradias irregulares na cidade. Para ele, os igarapés da capital do Amazonas deveriam ser usados para “uma arborização para dar melhor qualidade ao clima urbano”. O ambientalista declarou que a solução passa pela mudança na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Apoio
Entre os nomes que apoiaram o teor da carta está o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Ramos. O ex-deputado federal, segundo afirmou Ribeiro, defende que a pauta é importante para o seu grupo político. Mas também houve críticas aos candidatos. Para Ribeiro, o que preocupa é que as movimentações de apoio ao documento parecem ser apenas "da boca para fora". "Nos planos de governo [dos candidatos] eu não vi nada consistente”, frisou.
A CENARIUM questionou Ribeiro, que também é presidente do Partido Rede Sustentabilidade no Amazonas, se o PT foi “negacionista”, uma vez que o partido esteve no comando do Executivo nacional por muito mais tempo que a oposição. O ambientalista respondeu afirmando que “infelizmente os governos de esquerda ou direita não deram a atenção essencial para a demanda”.
Ribeiro pediu, por fim, que o atual governo atue contra os impactos das mudanças climáticas. “Durante esse período tão crítico, pode ser que eles acordem”, concluiu.
Orçamento
O documento pede ainda o comprometimento das autoridades eleitas em duplicar o orçamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas), de pouco menos de R$ 15 milhões para R$ 30 milhões por ano, além da melhoria em toda a área urbanizada de Manaus, com sistemas de drenagem e tratamento de efluentes residenciais, comerciais e industriais.
O lançamento da carta e cerimônia de assinatura estão previstos para acontecer até o fim do mês de setembro, sem local e horário confirmados ainda.
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