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Ana Pastana - DA CENARIUM

MANAUS (AM) - A CENARIUM teve acesso a imagens de um homem identificado como José Jorge Carvalho Vasco, flagrado com uma sacola de dinheiro em espécie em pleno período eleitoral, levantando suspeitas de compra de votos. Ele trabalha na campanha do candidato a vereador de Manaus Rodinei Ramos (Avante), mesmo partido do prefeito da capital amazonense, David Almeida.

De acordo com as fotos e vídeos registrados no momento do flagrante, Vasco aparece na porta do escritório de campanha de Rodinei Ramos, no número 21 da Rua da Fé, bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus, com uma sacola plástica contendo cédulas de real. Uma pessoa, ainda não identificada, aparece ao lado dele, recebendo o dinheiro.

Jorge Vasco é flagrado manuseando sacola com dinheiro em espécie (Reprodução)

O funcionário é visto usando uma blusa com o número 70770, número de urna de Rodinei Ramos. Jorge Vasco sai e chega do endereço em uma motocicleta Yamaha, de placa TAE-8I48, modelo Crosser S ABS 2024/2024, da cor vermelha.

Flagra ocorreu em frente ao escritório da campanha de Rodinei Ramos (Reprodução)

Outro vídeo mostra Jorge Vasco conversando com um homem, também com blusa com o número de Rodinei Ramos, em frente ao escritório de campanha do postulante.

Jorge Vasco e homem não identificado em frente ao escritório de Rodinei Ramos (Reprodução)
Jorge Vasco com camisa do candidato Rodinei Ramos (Reprodução)

Nas redes sociais, Jorge Vasco se apresenta como “Sgt. J. Carvalho”, e afirma ser funcionário do Governo do Estado do Amazonas. Investigação nos registros oficiais dos sites do Estado revela, no entanto, que o nome dele não consta em nenhuma lista de funcionários públicos.

Descrição de Jorge Vasco em rede social (Reprodução/Facebook)

Boletim de Ocorrência ao qual a reportagem teve acesso, de abril deste ano, no entanto, mostra que ele é mototaxista. O motivo do registro na Delegacia Virtual do Amazonas foi um acidente de trânsito, que não teve feridos.

Trecho do Boletim de Ocorrência (Reprodução)
Print do Whatsapp de Jorge Vasco (Reprodução)

Compra de votos

Segundo a Lei 9.504/97, constitui captação de sufrágio, ou compra de votos, "a doação, o oferecimento, a promessa, ou a entrega, pelo candidato, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, de bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição." Se a irregularidade for reconhecida por sentença judicial, há a cassação do registro ou do diploma e a aplicação de multa.

O Código Eleitoral, no artigo 229, considera crime e prevê pena de reclusão de até quatro anos e pagamento de multa: "dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita."

A CENARIUM questionou o candidato Rodinei Ramos, via redes sociais e e-mail, sobre o flagrante acerca do seu funcionário. Ele alegou que a informação referente à sacola de dinheiro é falsa e uma “tentativa desesperada de distorcer os fatos e prejudicar” a candidatura.

Relações

O candidato a vereador mantém uma relação política próxima ao prefeito, evidenciada em fotos nas quais aparecem juntos em eventos públicos. Imagem compartilhada por Rodinei Ramos, no dia 23 de agosto, mostra a proximidade com David Almeida, candidato à reeleição.

Rodinei Ramos e o prefeito David Almeida (Reprodução/Instagram @rodineiramos.am)

Segundo apuração da CENARIUM, em um mês de campanha eleitoral, o prefeito de Manaus, David Almeida, teve um volume de gastos maior que os outros seis candidatos. No período, David gastou R$ 6,3 milhões, conforme prestação de contas mais recente disponibilizada até esta segunda-feira, 16, na plataforma Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (Divulgacand) da Justiça Eleitoral.

Dos R$ 6,3 milhões gastos, 75% ou R$ 4,7 milhões foram investidos em atividades de militância e mobilização de rua e produção de programas de rádio, televisão ou vídeo. A prestação de contas ainda apresenta dados insuficientes. Por exemplo, aponta apenas recursos repassados do diretório nacional do Avante de R$ 3,9 milhões. A campanha ainda falta prestar conta de R$ 2,4 milhões, considerando os gastos atuais.

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