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MANAUS (AM) - O presidente da Academia Brasileira de Neurocirurgia (ABNc), o neurocirurgião amazonense Doutor Robson Amorim, de 43 anos, é oficialmente o primeiro brasileiro a participar da elaboração de um novo protocolo que vai auxiliar médicos da especialidade no tratamento do trauma de crânio. O evento “Austere Guidelines Meeting”, da Fundação de Trauma de Crânio, a Brain Trauma Foundation, reúne especialistas de todo o mundo na elaboração de novas diretrizes para melhorar a qualidade de atendimentos de pacientes que precisam de cirurgias cranianas, e ocorreu na cidade de Bethesda, Maryland, nos Estados Unidos.

À CENARIUM, Amorim destaca a atuação em casos envolvendo traumatismo craniano no Amazonas e defende as novas diretrizes para combater a alta taxa de mortalidade. De acordo com o especialista, a logística envolvendo pacientes do interior e a transferência para o tratamento na capital é um dos principais problemas enfrentados na região.

“Nós dependemos de vários fatores, incluindo, principalmente, a logística de quem vem do interior fazer esse tratamento aqui na capital, onde possui estrutura adequada. Fiz um estudo que demonstra que a média de transferência dos pacientes é de dois dias, quando o ideal é que a pessoa seja submetida a cirurgia em até 4 horas de evolução do hematoma. Então, a falta de estrutura no interior é alarmante, já que para compreender a gravidade do diagnóstico é preciso a tomografia, a maioria dos pacientes vem fazer em Manaus", frisa.

Reconhecido pelas mais de 100 publicações de artigos científicos feitos em revistas, além de três livros publicados, ele é protagonista em eventos e estudos que abordam sua experiência em lidar com trauma de crânio em ambiente com poucos recursos, considerando as dificuldades enfrentadas no Amazonas. Assim surgiu o convite para a participação dele no evento, responsável por gerar as novas diretrizes intitulada de “Traumatismo cranioencefálico em ambientes austeros”, da Brain Trauma Foundation.

Robson Amorim é Presidente da Academia Brasileira de Neurocirurgia (Reprodução)

A experiência iniciou em maio deste ano, de forma remota, com reuniões e registro de ideias entre os participantes até o mês de agosto. Após esse período, Amorim viajou aos EUA para participar do encontro com duração de três dias, de forma presencial. As reuniões ocorreram entre a segunda-feira, 16, e quarta, 18. Na ocasião, o que já havia sido desenvolvido nos encontros remotos foi concluído entre os participantes, e formalizado em documento que será publicado, possivelmente até março de 2025, pela Brain Trauma Foundation em inglês e em seguida, contará com pôsteres-resumos, traduzidos para o português.

O neurocirurgião também explica que as soluções encontradas e registradas irão proporcionar melhorias no atendimento e maior qualidade na conduta dos médicos amazonenses, principalmente no interior do estado: “O protocolo vai auxiliar nas problemáticas principalmente do interior. Esse documento traz alternativas com dispositivos que podem auxiliar no diagnóstico, uma das grandes dificuldades devido à falta de estrutura para realizar tomografia. Além disso, também priorizamos a capacitação para a realização da conduta de maneira mais eficiente, no interior. Vamos compartilhar o ensino para que os pacientes sejam melhor atendidos, com triagens mais eficazes”, confirmou Amorim.

Procedimentos e ferramentas

As ferramentas encontradas como alternativa no atendimento nos casos de baixa estrutura ou logística de difícil acesso, descritas nas novas diretrizes são a ultrassonografia ocular. Com o procedimento, disse Amorim, torna possível saber, com precisão, se há aumento da pressão no cérebro. Também consta no documento a pupilometria, que permite avaliação com um dispositivo que mede o grau de contração da pupila de forma automatizada, demonstrando através da alteração a possibilidade de algum comprometimento cerebral ou aumento da pressão intracraniana.

As diretrizes contam ainda com o procedimento conhecido na medicina como espectroscopia infravermelha, que avalia sinais sugestivos de hematoma intracraniano. A junção do exame clínico neurológico, com as ferramentas citadas, dão maior segurança ao profissional na hora do manejo de um paciente em situação grave ou na definição da transferência para um centro com maior estrutura.

Médico

O médico permanecerá ligado a Brain Trauma Foundation como representante brasileiro, com o título oficial de embaixador. Isso trará mais visibilidade e soluções para as dificuldades encontradas na Amazônia e em outros lugares do Brasil, que também sofrem com problemas de acessibilidade e são bem conhecidos por ele, que também é o atual presidente da Academia Brasileira de Neurocirurgia (ABNc).

Natural de Manaus, Amorim é formado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com residência médica em neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), além de ter um vasto currículo com outras especializações. Ele conta que morou por 13 anos na capital paulista e que quando decidiu retornar para sua cidade natal, percebeu que as problemáticas no tratamento de trauma craniano continuavam as mesmas observadas antes, no Amazonas.

Brain Trauma Foundation

A Brain Trauma Foundation é uma organização sem fins lucrativos, fundada 1986, com sede em Nova York, nos Estados Unidos. O principal objetivo da entidade é promover a melhoria dos resultados de pacientes com traumatismo craniano (TBI), promovendo financiamento de pesquisas, treinamentos e conscientização. A instituição financiou toda a participação do neurocirurgião amazonense.

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Editado por Jadson Lima