Carol Veras - DA AGÊNCIA CENARIUM
MANAUS (AM) - Profissionais da área de monitoramento climático se reuniram na quarta-feira, 25, na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM) durante a primeira edição do Fórum Climático do Amazonas. A conferência teve como tema “O panorama das queimadas e da seca” e trouxe especialistas que abordaram os impactos da qualidade do ar na saúde e as mudanças na temperatura global e foi realizada na sede do Crea-AM, localizada na rua Costa Azevedo, no Centro de Manaus.
Durante o evento, os especialistas trocaram experiências sobre o monitoramento das mudanças climáticas. Entre as pautas dos estudos estão os fenômenos que resultam na ocorrência do aquecimento do bioma Amazônico, como o aumento das temperaturas do Oceano Pacífico. No Amazonas, até o momento são mais de 460 mil pessoas afetadas, de acordo com a Defesa Civil do Estado. Desde o início do ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que o Estado já registrou 19.478 focos de incêndio.
À CENARIUM, a presidente do Crea-am, Alzira Miranda, afirmou que a conferência busca debater soluções para problemas que se intensificaram com as mudanças climáticas. "O Crea promove esse Fórum visando refletir sobre possíveis soluções para o problema das queimadas e da seca, qualificando os profissionais que vão trabalhar nessas frentes e orientando a sociedade amazonense sobre quais medidas tomar nesses cenários” destacou.
Qualidade do ar
O coordenador do EducAir, professor Rodrigo Souza, destacou que as queimadas em 2024 afetaram de forma intensa o bioma Amazônia. De acordo com o especialista houve um aumento de quase 100% em relação ao ano anterior. "De janeiro até setembro, o bioma Amazônia é o bioma mais comprometido. O aumento é de quase 100% nas queimadas de um ano pra outro. Passamos dos 100.000 mil esse ano", destacou.
O pesquisador ainda apresentou um estudo da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo, que aponta com dados modelados que a região amazônica, assim como São Paulo, é o bioma com maior concentração de material particulado fino na atmosfera, com valor 3 vezes maior do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda.
Souza também alertou para os impactos na saúde pública, como a redução da expectativa de vida em até 1,2 anos pela inalação de ar tóxico. Apesar disso, não há cobertura nacional oficial que inclua o monitoramento da qualidade do ar Amazônia, o que torna o monitoramento mais complexo e caro, já que a tecnologia necessária é importada e demanda altos custos de operação.
Em Manaus, há cerca de 20 estações de monitoramento que operam com sensores de baixo custo, como os que custam em torno de 300 dólares e são considerados alternativas viáveis.
Aquecimento dos oceanos
O aumento da temperatura da superfície do mar foi debatido pela professora Rita Valéria Andreoli, que reafirmou os impactos diretos no clima de Manaus e em várias regiões da América do Sul. De acordo com estudos, esse fenômeno está associado a padrões como o El Niño, que aquece as águas do oceano Pacífico e contribui para condições de seca na Amazônia, além de mudanças nas chuvas e temperaturas. Por outro lado, o La Niña, que provoca o resfriamento das águas, costuma aumentar as chuvas na região.
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