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FABYO CRUZ - DA AGÊNCIA CENARIUM

BELÉM (PA) - A crescente poluição marinha, impulsionada pelo descarte inadequado de resíduos nas águas costeiras, tem se tornado um dos maiores desafios socioambientais na região amazônica, que abriga a maior faixa contínua de manguezais do planeta. Na cidade de Bragança, no Nordeste do Pará, essa problemática é particularmente evidente.

Comumente encontrados na região, resíduos como cordas, redes e outros equipamentos de pesca descartados são materiais que dão nome à chamada “pesca fantasma”. Esses objetos abandonados no mar por barcos pesqueiros afetam gravemente a fauna local, atingindo caranguejos nos manguezais e peixes, além de tartarugas e outros animais nos estuários e mar.

Em 2024, dez mutirões de limpeza foram realizados pelo projeto Mangues da Amazônia em diferentes municípios do Pará, contando com a participação de 741 voluntários. A iniciativa, realizado pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, com apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal (Lama), da Universidade Federal do Pará (UFPA), tem como objetivo reduzir o impacto dos resíduos nos ecossistemas costeiros, recolhendo toneladas de lixo que comprometem a saúde ambiental da região.

Além dos detritos deixados pela 'pesca fantasma', uma grande quantidade de plástico e outros materiais descartados nas cidades são carregados pelos rios até o litoral. As correntes oceânicas também contribuem, trazendo lixo de outras partes do mundo para a costa amazônica. Este cenário coloca em risco a rica biodiversidade da região, exigindo uma resposta rápida e coordenada.

Para o coordenador do projeto Mangues da Amazônia e do Lama, da UFPA, em Bragança, no nordeste paraense, Marcus Fernandes, o engajamento das comunidades costeiras é fundamental para combater esse problema. “Com a sensibilização ambiental, há uma maior percepção pública para a necessidade de mudar atitudes em relação ao lixo, prevenindo riscos à fauna e flora, aos meios de sustento e à saúde das pessoas”, explica Fernandes.


Ainda bem conservada, a costa atlântica do Pará é vitrine de soluções que conciliam uso sustentável da biodiversidade, geração de renda e mitigação climática. Neste ano, em seu segundo ciclo de atividades, o projeto expandiu a abrangência para quatro municípios paraenses –Bragança, Tracuateua, Augusto Corrêa e Viseu. “O reconhecimento desse trabalho chega em momento oportuno para dar visibilidade aos manguezais, normalmente esquecidos nas agendas”, pondera o gestor dos Mangues da Amazônia, John Gomes.

As ações ambientais, sociais e culturais beneficiam direta e indiretamente cerca de 15 mil pessoas na região, com estratégia de maior aproximação com a sociedade. “A etapa atual é de validação científica das ações como frentes transformadoras, de modo a consolidar e replicar o modelo de atuação”, afirma Gomes.

Mobilizações

As iniciativas de conservação, que vão desde a realização de mutirões até campanhas de conscientização, são passos importantes para preservar os manguezais e garantir uma melhor qualidade de vida para as comunidades locais. A luta contra o lixo marinho, contudo, exige esforços contínuos e o envolvimento de todos os setores da sociedade, a fim de proteger um dos ecossistemas mais preciosos do planeta.

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No aspecto ambiental, o trabalho dá continuidade à recuperação de manguezais em áreas degradadas, totalizando 16 hectares até o momento, com uso de tecnologias inovadoras. Além do mapeamento participativo dos locais para plantio de mudas, com apoio das comunidades extrativistas, o trabalho monitora o retorno dos caranguejos às áreas já restauradas no passado. Amostras de árvores são coletadas em diferentes áreas de pesquisa dos manguezais para o estudo de variabilidade genética, indicando onde estão as sementes que podem apresentar maior resiliência e sucesso no reflorestamento.

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Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona