O Roda Viva recebeu a deputada federal Tabata Amaral, candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, no programa desta segunda-feira (20).
A bancada de entrevistadores foi formada por Bruno Teixeira, repórter da CNN Brasil, Cristiane Agostine, repórter de política do Valor Econômico, Hyndara Freitas, repórter do jornal O Globo, Luiz Megale, âncora da BandNews FM, e Rodrigo Piscitelli, apresentador do programa De Olho no Voto, da TV Cultura. O cartunista Luciano Veronezi ilustrará a entrevista em tempo real.
Com apresentação de Vera Magalhães, o Roda Viva é exibido pela TV Cultura, site da emissora, app Cultura Play, X (antigo Twitter), YouTube, Tik Tok e Facebook.
No programa, Tabata Amaral respondeu perguntas sobre segurança pública, cracolândia, transporte público, saúde, moradia e mais. Ao longo da edição, o projeto Aos Fatos checou as falas e dados apresentados pela candidata.
São Paulo não é nem uma das cinco melhores cidades para se fazer negócio no país quando você olha pro ambiente de empreendedorismo. [FALSO].
A declaração da candidata é FALSA. De acordo com o último Índice das Cidades Empreendedoras (ICE), divulgado em 2023 pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), São Paulo estava na primeira posição do ranking de municípios com melhor ambiente de empreendedorismo.
A pesquisa leva em consideração sete critérios: Ambiente Regulatório, Infraestrutura, Mercado, Acesso Capital, Inovação, Capital Humano e Cultura Empreendedora. A cidade aparece fora das dez primeiras colocações em Mercado (11ª posição), Capital Humano (52ª posição) e Cultura Empreendedora (39ª posição).
Outro lado. Em mensagem enviada ao Aos Fatos, a assessoria de Tabata Amaral afirmou que a candidata fazia menção especificamente ao quesito Cultura Empreendedora, e não aos dados gerais da pesquisa.
Fui o nome mais pesquisado no Google [depois dos debates]. [FALSO].
Entre os dias 9 e 15 de agosto, período após o debate da Band, e do jornal O Estado de S. Paulo, que foram realizados nos dias 8 e 14 de agosto, respectivamente, o candidato à Prefeitura de São Paulo mais buscado no Google foi Pablo Marçal (52%), seguido de Guilherme Boulos (21%). Com 11% das buscas, Amaral ocupou o terceiro lugar.
Na quarta-feira (19), logo após o debate realizado pela Veja e pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), dados do Google Trends — ferramenta do Google que oferece dados de padrões de pesquisa ao longo do tempo — apontam que Amaral foi a quinta candidata com o maior interesse de busca por moradores do Estado de São Paulo, incluindo a capital. A deputada também ocupou o quinto lugar em interesse logo após o debate realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Não há dados disponíveis publicamente por horário, no Google Trends, antes de 13 de agosto, o que impossibilita verificar o ranqueamento de Amaral logo após o debate da Band.
“Então qual é a nossa ideia? (…) Pensar em outras formas de financiamento [para o transporte público]. Uma delas é você explorar os pontos de ônibus para publicidade.” [FALSO].
Diferentemente do que sugere a candidata, já existem atualmente contratos de concessão de publicidade em pontos de ônibus, que contam com painéis digitais. Isso torna sua declaração falsa.
Nessa modalidade publicitária, a empresa arca com o valor da instalação e da manutenção dos abrigos de ônibus, mas ganha “o direito de explorar a publicidade” nos locais, conforme explica a SP Obras.
“Quando a gente fala da educação são três compromissos principais que a gente tem com o combate ao racismo. Um deles é a efetivação de uma lei muito importante, que é a lei 10.639, que é justamente da gente trazer a perspectiva não só da história por meio do ponto de vista da África, mas também da cultura afro-brasileira, e poder trazer outros pontos de vista para o currículo escolar.” [NÃO É BEM ASSIM].
A declaração da candidata é enganosa, porque omite que a cidade de São Paulo já tem iniciativas que impulsionam a efetivação da lei 10.639/2003.
O Núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais (Neer), da Secretaria Municipal de Educação, tem como objetivo fomentar e promover práticas antirracistas por meio de ações formativas e materiais curriculares. Isso inclui cursos de capacitação, seminários, congressos e palestras sobre o tema para profissionais da rede municipal de ensino.
Outros exemplos são:
- A publicação do manual “Orientações Pedagógicas: Povos Afro-brasileiros”;
- A compra de mais de 741 mil obras literárias que abordam a temática étnico-racial;
- A oferta de cursos sobre educação antirracista;
- E a aprovação da lei nº 17.950/2023, que torna obrigatória a capacitação dos professores das redes de ensino pública e privada da cidade para atuação na promoção da igualdade racial.
“Eu tenho um histórico de seis anos de Brasília em que aprovei Pé de Meia, absorvente na escola, ensino técnico, mudanças climáticas, Marco das Startups”. [NÃO É BEM ASSIM].
A declaração de Amaral carece de contexto. Dos cinco projetos citados pela deputada, apenas dois são de sua autoria: o PL 54/2021, que criou o programa Pé de Meia, e o PL 4.129/2021, que dispõe sobre diretrizes gerais para a elaboração de planos de adaptação à mudança do clima.
Já em relação aos outros três, há imprecisões:
- A deputada foi coautora do PLP 146/2019, que criou o Marco Legal das Startups;
- Já o PL 428/2020, de sua autoria, que previa a distribuição de absorventes em escolas, foi apensado ao projeto aprovado, protocolado por Marília Arraes (Solidariedade-PE).
- Por fim, o PL 6.494/2019, que muda as diretrizes do ensino técnico, foi protocolado por João Campos (PSB-PE). Amaral foi a relatora do projeto na Câmara dos Deputados.
“A gente está falando de uma eleição em que a gente tem candidatos com históricos muito pesados. Gente [Pablo Marçal] que já foi condenado por roubar aposentadoria de idoso, gente que responde por crime de homicídio”. [NÃO É BEM ASSIM].
A declaração de Amaral é incorreta porque distorce os crimes pelos quais Pablo Marçal (PRTB) foi condenado.
A candidata já havia feito referência aos aposentados em entrevista anterior ao mencionar a condenação de Pablo Marçal (PRTB) por furto qualificado em 2010. O caso, que teve a pena extinta por prescrição, envolve uma quadrilha condenada por enviar mensagens de spam com vírus para infectar computadores das vítimas e obter acesso às senhas de suas contas bancárias.
Embora não seja possível excluir que aposentados tenham sido vítimas do golpe, as decisões da Justiça mencionam apenas os prejuízos que o esquema gerou aos bancos responsáveis pelas contas invadidas. Uma das decisões explicita que a Caixa Econômica Federal precisou ressarcir os clientes que caíram no golpe.
Além disso, Pablo Marçal está sendo investigado por tentativa de homicídio privilegiado — e não homicídio, como sugeriu a candidata — em virtude do caso da expedição que liderou para escalar o Pico dos Marins, em São Paulo, em 2020.
Mesmo se Amaral estivesse se referindo ao coronel Mello Araújo (PL), candidato a vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB), a afirmação ainda estaria incorreta. Em seu atestado de antecedentes criminais apresentado à Justiça Eleitoral, Mello Araújo cita processos referentes a dois homicídios em que teria se envolvido quando era policial militar da ativa. Os casos, no entanto, já foram arquivados.
“Os únicos dois que conseguiram trazer qualquer apoio são os candidatos de máquina. Eu venho pra essa disputa disputando contra o Nunes, que está com a máquina na mão, e o Boulos que tem a máquina do governo federal, tem o apoio do PT e já disputou outras eleições majoritárias. [NÃO É BEM ASSIM].
Ao alegar que Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) seriam “candidatos de máquina”, Amaral ignora que é deputada federal há seis anos e filiada ao PSB, que é base do governo federal e sigla do vice-presidente Geraldo Alckmin.
A própria deputada já se referiu à sua ligação com Alckmin como um “trunfo” perante o eleitorado de São Paulo.
Além disso, o programa Pé de Meia, do qual Amaral é autora, conta com a propaganda de órgãos do governo federal, como o Ministério da Educação e a Caixa Econômica Federal.
[Ricardo Nunes] é recordista em obras sem licitação. [VERDADEIRO]
A declaração é verdadeira. A candidata cita um dado publicado pelo UOL em novembro do ano passado com base em levantamento do Tribunal de Contas do Município (TCM) sobre contratos emergenciais da prefeitura.
Os dados mostram que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) gastou R$ 3,7 bilhões entre janeiro de 2022 e outubro de 2023 em obras desse tipo, o que representa 294,5% de todo o valor pago nesta modalidade de contratos entre 2009 e 2021.
De acordo com o levantamento, a prefeitura contratou 298 obras entre 2022 e 2023, e há indícios de superfaturamento em ao menos 18 delas.
Na época, a prefeitura negou que houve superfaturamento e afirmou que as contratações emergenciais se deram “pelo agravamento das situações de risco em encostas e margens de córregos”.
O principal chamado que a PM atende hoje é por ruído. [VERDADEIRO].
Amaral se refere a um dado divulgado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) em junho deste ano sobre o número de chamados feitos via 190. De acordo com o órgão, o maior número de ocorrências registradas em 2023 na capital e na região metropolitana de São Paulo se referia a perturbação de sossego: foram atendidos 727 mil chamados do tipo, o que representa 24,7% de todas as demandas.
Em segundo lugar, aparecem as discussões em geral (367 mil chamados), seguidas de averiguação de atitude suspeita (311 mil chamados), violência doméstica (215 mil chamados) e furtos (137 mil chamados).
Assista ao programa completo:
Roda Viva | Eleição
Os próximos entrevistados do programa serão Guilherme Boulos (26/8), Pablo Marçal (2/9) e Ricardo Nunes (9/9).
Debate no 1º turno
A TV Cultura realizará um debate no dia 15 de setembro, ao vivo, a partir das 22h, diretamente do Teatro B32. A iniciativa contará com a participação dos candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).
Roda Viva no segundo turno
No segundo turno, a TV Cultura promoverá um Roda Viva especial com os dois candidatos que irão disputar a Prefeitura de São Paulo. O programa terá dois blocos de 25 minutos e outros dois de 20 minutos cada.
Com tempos iguais de participação, os entrevistados ocuparão o centro jornalístico de forma alternada, seguindo a ordem que será decidida por sorteio 30 minutos antes do início da edição, com a presença de assessores dos dois candidatos. No quinto bloco, permanecerão juntos no estúdio para as considerações finais.
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