Depois de dois anos, a volta dos shows presenciais está com cada vez mais demandas para recuperar o tempo perdido dos produtores, artistas e do público. O Brasil tem grandes festivais e espetáculos internacionais marcados para o ano. No entanto, a euforia tem provocado descuido e promovido um aumento de cerca de 10% dos casos de Covid-19 no país no último mês. Os frequentadores flexibilizaram o uso máscaras e nem todos locais exigem a apresentação do comprovante de vacina.
Em entrevista para o portal da TV Cultura, o médico sanitarista Dr. Gonzalo Vecina, explica que mesmo com o uso de máscara liberado é importante manter medidas sanitárias para conter o avanço da contaminação.
Com festivais marcados para os meses de setembro, outubro e novembro, além dos shows em paralelo, o país tem flexibilizado medidas sanitárias por todas as grandes cidades — que tendem a ser pólos centrais para os eventos.
O produtor de eventos Emiliano Xavier comenta sobre o entusiasmo não só do público como também da equipe. “É muito gratificante voltar. Cada vez que você vê um profissional de novo ali é como se ele tivesse congelado por uma década e voltado à vida”, diz.
Emiliano fez parte da produção do festival Lollapalooza, que aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de março, no Autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo. Ele comenta que grande parte do público estava sem máscara durante o evento. Apesar disso, a produção continua seguindo todas as medidas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse mesmo comportamento pode ser observado pela reportagem do site da TV Cultura em outros eventos.
Leia também: Justin Bieber mostra parte do rosto paralisado em vídeo: “Preciso ir mais devagar”
Apesar de a pandemia não ter sido erradicada e o aumento dos casos ter se mostrado recorrente, a promessa de shows nacionais e internacionais para o segundo semestre do ano é mantida. A estudante de publicidade e propaganda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Karina Modesto, relata sua empolgação. “É muito estranho o clima em si, a questão das máscaras mesmo, muitas pessoas estavam sem e outras com (...) Às vezes, eu tirava para beber água e esquecia de colocar de volta”, a universitária relembra.
Xavier afirma haver “empolgação total” e ainda explica a importância desse retorno para os profissionais de evento. “O público estava sedento. Não só o público, os organizadores, tava todo mundo ansioso por esse retorno”.
Kiss, Metallica, Louis Tomlinson e MITA Festival foram algumas das mais recentes apresentações que atraíram milhares de pessoas para as pistas, “Eu acredito que a sensação é a mesma para quem ficou dois anos sem presenciar uma boa expressão artística ao vivo”, comenta Julio Cesar, estudante de jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Com isso, toda a satisfação do mundo “pós-pandêmico” revelou a realidade do (novo) novo-normal.
Aumento de casos de Covid-19
Dr. Vecina explica a importância da testagem não só daqueles que vão para festivais, mas também para todos que estão participando de projetos com o público. “Quem está se arriscando em atividades culturais são, na maioria, os jovens. É o público que está tendo aula, saindo todos os dias”, diz o médico.
O sanitarista ainda ressalta que é preciso fazer o teste porque, caso o resultado seja positivo, estando ciente da contaminação, é recomendado isolar-se e evitar a proliferação do vírus. “Ainda estamos com mutações, isso é importante lembrar, então a testagem precisa ser feita e as medidas ainda fazem sentido no momento em que estamos”.
“Esperamos que sejam dias melhores”, diz Emiliano, produtor de eventos, “mas até lá, seguimos fazendo o uso de máscara e nos cuidando como possível”. A espera de dias melhores continua para organizadores, músicos, cantores, médicos e principalmente para o público. Com tanta espera, a retomada era certa, mas a euforia precisa estar na dose dos protocolos.
REDES SOCIAIS