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No dia 29 de outubro é comemorado o dia nacional do livro e, em um país de pouca leitura, ser escritor não é uma tarefa fácil. No Brasil, 48% da população não lê e 30% nunca comprou um livro. Por isso, o incentivo à produção da arte escrita fica cada vez mais escasso, limitando-se às delícias e às dores de ser poeta.

São considerados “não-leitores” pessoas com mais de 5 anos de idade, que ainda não leram nenhum livro. Esses brasileiros representam quase metade da população, o equivalente a cerca de 100 milhões de pessoas, segundo dados da edição de 2020 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.

Apesar das dificuldades, do mercado cada vez menos faturado e da substituição da leitura pelas plataformas de streaming, existem aqueles que escrevem pelo simples prazer na escrita.

Neste dia nacional do livro, o site da TV Cultura promoveu uma lista com seis escritores de editoras independentes e suas respectivas obras. Literatura de contos, poesia, romance e prosa, cada autor traz uma temática da cultura popular, além de ressaltar a importância de continuar escrevendo.

Lilian Aquino

Escritora dos livros Nunca Estive em Tübingen (2021), Pequenos afazeres Domésticos (2011) e Daqui (2017), Lilian comenta sobre a baixa média de leitores no Brasil. “Mesmo assim, eu não saberia não escrever, é uma necessidade da minha existência”, diz a poeta.

“Escrever para mim tem uma função vital [...] Ao mesmo tempo, respondo como leitora: eu acho que o livro é um fazedor e provocador de sonhos”, diz a escritora. 

Helena Zelic

Graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, Helena é autora dos livros Constelações (2016)Durante um Terremoto (2018), ambos lançados pela editora Patuá. Também escreveu Caixa Preta (2019), publicado pela Primata, A Libertação de Laura (2021) e 3.255km (2019), escrito em parceria com a  Mariana Lazzari. Publicado pela Nosotros, o livro é um plaquete que organiza um diálogo ocorrido entre duas autoras: uma em São Paulo e outra em Santiago, no Chile.

A autora comenta que, para ela, o cenário da leitura nacional nos dias de hoje é complicado, “e só piora com os inúmeros cortes em educação e cultura, com a taxação sobre livros, com uma política que não é feita para as pessoas”, completa a letranda. 

“A nossa subjetividade, capacidade de criar, não podem ser simplesmente atropeladas”, revela a escritora sobre o processo de escrita e a importância da manutenção da leitura. “Acho que tem uma parte de nós, que escreve pelo ato de escrever. Mas, tem outra parte enorme que escreve para compartilhar, para ser lida e para fazer a gente ler”, diz.

“Só escrever não basta, precisamos nos posicionar, nos organizar, denunciar e também propor qual a sociedade leitora que queremos”, conclui a escritora.

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Cecy Maria

Graduanda de ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), a escritora lançou seu livro Feito Peixe no ano de 2020. “É uma espécie de responsabilidade comigo e com o mundo, me dá um aperto no coração em pensar que existe poesia na gaveta”, comenta a Cecy. "A verdade é que não escrevo para quem lê, escrevo para mim; Que sente que deseja que desperta de dentro para fora", diz a escritora. 

Sobre os 48% da população de não-leitores, a autora relata que "pode ser que um dia, sem motivo aparente, alguém se desperte a abrir um livro (...) Escrevo para quem um dia pode ser que leia", finaliza a poeta. 

Felipe Matheus Silva Alencar

Professor graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), está lançando seu primeiro livro, Mamãe chora quando eu falo de partida (2022). Trata-se de uma obra de poesias lançada pela Urutau, editora que fará parte da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano, juntamente com outras doze editoras independentes.

Felipe Alencar diz que “não somente como escritor mas como educador, pois sou professor de português, vejo a escrita e o processo literário dentro da área da educação como um ponto interessante. Sempre incentivo meus alunos a escrever como um processo de fuga, que é o que eu faço”, revela o poeta.

“Continuo escrevendo pelo lance de esse ser meu eu, como em um conto da Clarice Lispector que ela questiona ‘Se eu fosse eu’, e eu acho que se eu fosse eu não teria um dia que eu não estaria escrevendo”, conclui o professor.

Joice Aziza de Mendonça

Escritora do livro Diário de Isolamento (2022), pela editora Feminas, Joice é também professora, historiadora e ativista. Para ela, “estar num país que pouco valoriza produções literárias, as ações de ler e escrever são como continuar a registrar nossas ‘escrevivências’. É Sankofa (palavra do idioma africano Twi, de difícil tradução, que representa a ideia de voltar a tempos remotos para buscar sua sabedoria). É reverberar histórias contadas por nossos ancestrais”, diz a escritora.

Pedro Ivo Escañoela

Escritor de Cacos de Luz (2022), Pedro Ivo produziu sua obra durante 10 anos e relata que os contos escritos no livro se passam no cenário da Avenida Hélio Pellegrino, localizada na zonal Sul de São Paulo, em homenagem ao poeta mineiro, também fazendo algumas menções a ele no decorrer da narrativa.

Questionado sobre a manutenção do processo de escrita em meio às dificuldades do mercado editorial no Brasil, o autor diz que, para ele, escrever é um ato de extravasar a realidade, “de fazer a realidade valer a pena. E de, lá na frente, transformar o 0 em 100”, diz.

Graduado em Letras e mestre em literatura árabe pela Universidade de São Paulo (USP), o professor comenta sobre a falta de leitores no Brasil e reitera “citando aqui o Ferreira Gullar: a arte existe porque a vida não basta. Se a realidade atual de não-leitores assusta, pois que a arte venha para ir além dessa realidade" diz.

Pedro finaliza ressaltando a importância da produção e valorização da literatura nacional, "o que importa é que a arte insiste e a gente tem que insistir por causa dela”, completa o escritor.

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