Como as culturas alemã e francesa dos anos 1940 influenciam na atual produção de música eletrônica?
Djs mais famosos do mundo usam as escolas de música dos dois países para produzir canções que agitam as pistas
19/03/2024 16h29
A música eletrônica é cada vez mais tocada no Brasil. Grandes festas são realizadas em praticamente todos os estados do país e os Djs brasileiros são figurinhas carimbadas em festivais internacionais, como Lollapalooza, Time Warp, Primavera Sounds e muitos outros.
Mas como esses sons começaram a ser produzidos? Qual a origem das músicas techno, house e EDM? Os sons criados atualmente possuem diversas referências. As duas de maior impacto são as escolas da Alemanha e da França de música.
Entre 1940 e 1950, formaram-se duas linhas de produção musical na Europa: de um lado, os alemães se interessavam pela síntese sonora, enquanto os franceses focavam na manipulação de áudios (gravações), o que é hoje popularmente conhecido como “sampling".
Vale lembrar do contexto histórico da época. Os países ainda se recuperavam da Segunda Guerra e a relação entre as duas nações não era boa. Então, em praticamente todas as áreas, havia uma certa rivalidade entre franceses e alemães.
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A escola francesa se baseava num conceito chamado “musique concrète” (música concreta, na tradução). As canções eram criadas apenas gravações e manipulações de sons naturais (como pássaros) ou industriais (como objetos metálicos e ferramentas).
Estúdio de música concreta na frança em operação
Os alemães eram da linha do “elektronische Musik” (música eletrônica em alemão), onde utilizavam apenas a síntese sonora (os sintetizadores da época trabalhavam basicamente com sobreposições de ondas “senóides”, que tem um som semelhante àquele emitido por dedos passando por um copo de cristal com água).
Estúdio WDR de Elektronische Musik (Colônia, Alemanha)
As duas linhas não se misturavam inicialmente. Os franceses achavam a estrutura musical da “elektronische Musik” muito rígida e os alemães achavam que a “musique concrète” carecia de forma e era, de certa forma, “aleatória”. Muitos músicos da época, aqueles mais tradicionais, criticavam ambos e nem consideravam essas produções como música de verdade.
O preconceito só foi diminuindo depois da década de 1950. Com o continente se reerguendo e as pontes entre os países voltando a existir, as escolas passaram a trocar informações.
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Compositores “puristas”, como Pierre Schaeffer (pioneiro da música concreta), o alemão Karlheinz Stockhausen e o grego Iannis Xenakis passaram a criar composições que utilizavam ambos os métodos: gravações e síntese sonora. A partir dessas produções, inicia-se uma nova era música.
Gravações de vozes humanas se misturavam com sons de sintetizadores, sons de pássaros, ferramentas eram “loopados” (tocados de forma repetitiva) e combinados tanto com sons de instrumentos tradicionais, como sons de instrumentos eletroacústicos ou eletrônicos.
Um dos festivais de música que mais carrega influência dessas duas escolas é o Time Warp, que já está no Brasil há mais de cinco anos. Os Djs produzem músicas combinando sintetizadores, gravações e os mais diversos elementos explorados de diferentes formas.
A edição de 2024 no país celebra 30 anos da marca e acontecerá nos dias 4 e 5 de maio no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo.
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