Em 1958, Maria Esther Bueno, então uma menina de apenas dezenove anos, venceu o torneio de duplas de Wimbledon junto da americana Althea Gibson, naquele que seria o primeiro dos seus 19 Grand Slams. Dois anos depois, a "bailarina do tênis" se tornaria a primeira mulher a conquistar todos os títulos de duplas dos quatro principais torneios do circuito em uma mesma temporada. Era apenas o início de uma carreira que, para ser contada com detalhes, dada a sua importância para o esporte, seria necessário um texto dedicado somente para ela.

Ao longo dos anos, diversas tenistas do país se inspiraram nos feitos de Maria Esther. Niége Dias, por exemplo, em sua curta carreira na modalidade (se aposentou aos 22 anos), chegou a alcançar a 31° posição no ranking de simples, em 1988. Após um período de mais de três décadas sem uma brasileira ultrapassar a barreira do "Top 40" nas duas categorias, Luísa Stefani faz história e, aos 23 anos, ocupa o 32° lugar na classificação geral de duplas feminino.

Em parceria com Hayley Carter, dos Estados Unidos, a jovem paulistana tem conseguido bons resultados nesta temporada, como os títulos do WTA 125 de Newport Beach e do torneio de Lexinghton, da série "International". Além de alcançar as oitavas do Aberto da Austrália, a dupla chegou até as quartas de final no US Open. O resultado em Nova York foi a melhor campanha de uma brasileira em Grand Slams desde Patrícia Medrado e Cláudia Monteiro em 1982.

Em uma entrevista concedida à coluna "Saque e Voleio", Luísa afirmou que um de seus principais objetivos é disputar as Olimpíadas de Tóquio. Os jogos serão realizados no ano que vem, devido à pandemia do novo coronavírus. Como o Brasil não possui outra representante entre as 100 melhores do mundo, as atenções se voltam para o Top 10, onde cada tenista possui uma vaga garantida, com direito de levar outra compatriota independentemente de sua posição. Laura Pigossi, segunda colocada do país no ranking, está em 149° lugar.

Luísa Stefani estará em Roland Garros, cuja primeira rodada começou no último domingo (27). Vale a pena ficar de olho nos próximos jogos dessa menina que, junto com Beatriz Haddad Maia e Thaisa Pedretti, faz parte da nova geração do tênis feminino brasileiro. As perspectivas para o futuro são muito boas.

Gabriel Argachoy é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e integrante da equipe de esportes da TV Cultura.