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Marcello Zambrana/Instagram
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Entre sonhos e saltos, Lucas Felipe "Kanguru" vem trilhando uma trajetória especial no esporte. Aos 25 anos, o paulista nascido em Ribeirão Pires, e morador de Mauá, não apenas é atleta profissional de salto em altura como também tem feito sucesso nas quadras de basquete de São Paulo. Unindo o útil ao agradável, o jovem aproveitou o impulso do atletismo para se tornar especialista em enterradas e o principal Pro Dunker do Brasil.

Apesar de seguir carreira como saltador em altura, a paixão pela bola laranja surgiu antes na vida de Lucas, que já enterra por aí há oito anos: "Conheci o basquete com uns 14 anos, sempre joguei na rua, com os amigos, mas nunca cheguei a ser federado. Como todo jovem, eu tive o sonho de ser jogador profissional, tentei até meus 18, 19 anos, mas acabou não dando certo como eu queria", contou, em entrevista exclusiva à TV Cultura.

Diferente da maioria dos garotos que abandonaram o sonho da profissionalização no esporte, Kanguru não se deixou abater e acabou buscando alternativas para ainda assim se tornar um atleta de alto rendimento. E foi a convite de um amigo que conheceu o CT de atletismo de São Bernardo (SP), onde passou a treinar e treina até hoje. 

Apesar do início repentino, Lucas mostrou rara evolução na modalidade e, em um intervalo de seis anos, se sagrou campeão paulista de sua categoria, campeão sul-americano universitário e foi medalhista no Brasileiro. Em 2020, foi o quarto colocado do Troféu Brasil, a principal competição de atletismo da América Latina. 

"O atletismo é meu foco principal. Como eu falei, eu tinha o sonho de ser atleta profissional. No basquete, não deu certo. Meu sonho continua vivo, mas dentro do atletismo", afirmou o jovem, que mira uma vaga em Olimpíadas. Atualmente, Kanguru tem como recorde pessoal a marca de 2,20m no salto em altura. O índice olímpico de sua categoria é de 2,33. "É minha meta, meu objetivo. São 10 cm que podem parecer pouco, mas é algo muito difícil".

De segunda à sexta, Lucas reveza treinos físicos, técnicos e de mobilidade com foco no salto em altura. Aos fins de semana, os trabalhos continuam, mas com espaços para o basquete e a prática de enterradas. E ainda sobra tempo para o basquete 5x5 no projeto Wolff Basquete, no Parque da Juventude, zona norte de São Paulo (SP), e o 3x3 pelo Atletas do Ano, time filiado à Associação Nacional de Basquete 3x3.

Não à toa, Kanguru se tornou o principal Pro Dunker do Brasil, onde o basquete ainda luta para se popularizar e a cultura de enterradas é limitada. Tentando mudar esse cenário, o atleta de 25 anos se juntou a quatro amigos para criar a Dunk Lab, um projeto que visa aumentar a relevância das enterradas em solo nacional.

"Nossa ideia é trazer conteúdos novos e algumas dunks (enterradas) que ainda não foram lançadas no Brasil. Tudo que é novo, tudo que é reinventado, melhorado, é feito em laboratório. Por isso o nome. Também temos o intuito de gerar conteúdo de rede social, tanto no Instagram quanto no YouTube, para poder ensinar o pessoal que está começando a enterrar. Esse tipo de conteúdo ainda é muito escasso no Brasil. Aqui, o quesito enterrada é só um adicional. Não é algo que todo atleta tem que ter, que todo atleta treina. No profissional, você treina seu chute, seu corte, mas não a enterrada. Não é algo visto como essencial, e é isso que estamos querendo mudar", apontou.

E é com essa missão que Lucas Kanguru, ao lado de Gustavo Haakin, um dos membros da Dunk Lab, planeja uma viagem a Utah, nos Estados Unidos, para participar do Dunk Camp 2021. O evento é uma espécie de workshop de enterradas, que reúne alguns dos melhores Pro Dunkers do mundo para sete dias de treinos e aulas específicas no berço do basquete mundial, terminando com um campeonato entre alunos e professores.

Além da venda de rifas e pulseiras personalizadas, a dupla está fazendo uma vaquinha online (link para colaborar com o projeto) para conseguir arcar com custos de inscrição (mais de R$ 4 mil para cada), passagens e outras despesas. Kanguru e Haakin estimam arrecadar cerca de R$ 30 mil até a viagem, que aconteceria em junho de 2021. As inscrições para o evento, que incluem hospedagem e alimentação, começam já em janeiro. 

Em ares pouco explorados pelos atletas brasileiros, Lucas é objetivo ao explicar porque pode ser considerado o melhor dunker brasileiro na atualidade. Mas faz questão de reforçar a torcida para que surjam novos talentos pelo país nos próximos anos. Cinco anos mais novo que Kanguru, Gustavo Haakin é a grande aposta do parceiro para o futuro das enterradas no Brasil.

"Não me coloco como o melhor, mas sim como o mais versátil e completo do Brasil na atualidade. Consigo enterrar de vários jeitos, meu arsenal é maior que o dos demais. Mas tem uma nova geração, um pessoal surgindo agora, como o Haakin, que é um moleque que estou sempre acompanhando e instruindo. Ele vem para atropelar, está se preparando para ser o melhor", afirmou.

Como precursor de uma modalidade no país, Lucas Kanguru sabe que, para voar cada vez mais alto, porém, é preciso servir de exemplo para que outros decolem também. "Às vezes, o pessoal que está começando me diz: 'Lucas, queria pular, enterrar igual você'. A única resposta que eu tenho é que igual a mim ninguém vai ser. Vocês podem ser melhores do que eu, mas nunca iguais a mim. Sempre melhor, nunca igual".