Com 10 rodadas para o fim da competição, a atual edição da Série B do Campeonato Brasileiro confirmou as expectativas de uma competição equilibrada, disputada ponto a ponto na briga pelo acesso à elite do futebol nacional.
Entre os clubes historicamente considerados “de maior expressão”, o Botafogo-RJ é o único que figura no G-4, atual terceiro colocado. O Vasco da Gama, que se recuperou desde a chegada do técnico Fernando Diniz, tendo vencido os três últimos jogos, ainda sonha com o acesso. Já o Cruzeiro é dono do pior aproveitamento e, pelo segundo ano consecutivo na Série B, tem dificuldades para entrar na disputa da parte de cima da tabela.
Em 2021 há cinco times vencedores da Série A na segunda divisão, caso de Cruzeiro e Vasco (tetracampeões), Botafogo (bicampeão), Coritiba e Guarani (um título para cada). Até então, o recorde na segunda divisão era de quatro campeões brasileiros, nas edições de 2005 e 2006.
Para Marcelo Segurado, executivo de futebol com dois acessos na carreira, pelo Goiás, em 2012, e pelo Ceará, em 2017, a principal armadilha para clubes de maior expressão é a ideia de que somente a camisa vai fazer com que o resultado venha. “Quando uma instituição dessas cai, é em virtude de erros que vêm sendo cometidos por vários anos. Um time não cai pelo planejamento errado de um ano. Assim como os que ascendem de séries inferiores não chegam lá por um ano extraordinário”.
Além disso, o executivo também cita que a queda de receita é mais um fator que afeta diretamente as equipes que são rebaixadas. Com isso, o principal desafio dos dirigentes está em montar uma equipe competitiva, mesmo sem tantos recursos em comparação com temporadas de Série A. “Você trabalha com um faturamento cinco vezes menor, e isso faz com que clubes menores, que já estão acostumados a trabalhar com esses valores reduzidos, não sintam tanto”, acrescentou Segurado.
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O presidente do Juventude, Walter Dal Zotto, relembra o acesso do clube na temporada passada, ao terminar a Série B na terceira colocação com 61 pontos, e elenca os principais fatores para fazer um campeonato de sucesso. “Para ter êxito, é preciso buscar perfis de jogadores que tenham passado por conquistas de acesso e, principalmente, te deem qualidade e sejam aguerridos para circunstâncias que exigem. Na primeira divisão, há mais tática e você ganha as partidas nos detalhes. Já na segunda divisão, a força e vigor físico se sobressaem”.
Dal Zotto ainda argumenta que, diferente de antigamente, hoje os grandes clubes rebaixados, de maior faturamento em relação aos demais, não têm o mesmo aporte financeiro no ano seguinte à queda, por isso, a volta no ano seguinte para a elite não é certa. “Eles não podem jogar apenas com a camisa. Se compararmos as duas principais divisões do futebol nacional, a diferença de receita e orçamento de TV são significativas e isso representa um baque razoável às instituições, quando o rebaixamento acontece”, analisou o presidente.
Fora da zona de rebaixamento, o Juventude faz um Campeonato Brasileiro competitivo, aposta na boa gestão para permanecer na Série A e seguir firme pelos próximos anos. Neste caminho, um exemplo de gestão a ser seguido é o Fortaleza, gerido pelo presidente Marcelo Paz.
Depois do título conquistado na Série B de 2018 e o ingresso à primeira divisão a partir do ano seguinte, o Leão do Pici se manteve na Série A desde então. Já são três anos consecutivos disputando a elite do futebol brasileiro. Nesta temporada, o tricolor é uma das grandes sensações, tendo protagonizado partidas de alto nível contra equipes poderosas do futebol brasileiro, como Atlético Mineiro, Corinthians, Palmeiras, entre outras.
“Estamos no nosso terceiro ano seguido na Série A e entendemos que o processo de consolidação de um time na primeira divisão leva pelo menos cinco anos. O Fortaleza se preparou para chegar ao quarto ano seguido na elite do Campeonato Brasileiro ao investir muito na estrutura física do clube, em condições de treinamento e de tratamento de lesões, na logística para amenizar as viagens, além de rejuvenescer o elenco, considerado um pouco mais velho do que o recomendado no Brasileirão 2020” declarou o presidente do Fortaleza.
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