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Reprodução / Rafael Cruz
Reprodução / Rafael Cruz

No final de semana, o Campeonato Brasileiro de Atletismo ocorreu em São Paulo, e dentre as modalidades paraolímpicas disputadas, o destaque e campeão do arremesso de peso classe F37 é Emanoel Victor Souza de Oliveira.

Além de campeão, Emanoel já é recordista do arremesso em todo o continente americano (do norte ao sul), com 14,58 metros, e atualmente número dois do ranking mundial.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o atleta contou mais de sua história, e explicou que a ficha demora a cair quando se trata de grandes feitos: “Não caiu de primeira (perceber que bateu um recorde). No dia que eu bati o recorde brasileiro, bati o continental. Não da América do Sul, mas de todas as américas. Quando eu penso assim é algo surreal, quando eu penso no ranking mundial então, que estou em segundo.... É muito trabalho para se manter, a briga é muito acirrada e eu quero melhorar ainda mais. ”

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Quem vê esse sucesso não imagina que a história de Emanoel no arremesso de peso é recente. “no atletismo o pessoal fala que eu com sete anos de esporte sou praticamente um bebê”, brinca o paratleta.

Crescendo com uma paralisia cerebral, o lado direito de seu corpo não se desenvolveu normalmente. O esporte, no entanto, sempre esteve na vida dele, já que desde 2007, em meio a uma caravana escolar para os Parapan-Americanos, foi convencido de que o esporte paraolímpico seria um caminho para seguir.

Por meio de programas escolares, começou a jogar o futebol de sete com outras pessoas “PCs” (com paralisia cerebral), assim como ele.

“Fui atleta do futebol de sete de 2008 até 2015. Fui para a seleção brasileira, e em 2015 eu chego no atletismo. Eu recebi alguns convites para essa mudança, até porque o futebol de sete estava de saída do quadro paraolímpico, por isso também ia deixar de receber investimentos. De 2017 pra cá eu me especializei em arremesso de peso, cheguei ao mundial de 2019 e, consequentemente, consegui uma vaga pra Tóquio em 2020”.

Na história de vida de Emanoel, fica claro que a mudança de ares no esporte foi uma decisão forçada, “Até hoje o futebol é minha grande paixão, mas hoje em dia eu nem jogo mais bola”. Nem poderia.

As sessões de treinos no atletismo são muito pesadas para dedicar o pouco tempo livre num esporte de contato, em que o risco de lesões é constante.

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“São 11 sessões de treino ao longo da semana, treinando de manhã, tarde e também aos sábados. No atletismo você compete num dia, descansa pela manhã e à tarde já está treinando de novo. “

Quando fala do futebol de sete, Emanoel Victor se recorda da situação que considera injusta e o fez mudar de modalidade: “O esporte tinha algumas questões. A minha disputa de vaga não era justa ao meu ver, porque era dividido por deficiência, mas tinham atletas com menos ou quase nenhuma dificuldade causada pela paralisia cerebral, e eu perdia a vaga para esses jogadores. ”

Outros esportes possuem divisões mais claras quanto a limitações que cada deficiência impõe sobre o atleta, sendo apenas a paralisia cerebral um pouco generalista, na visão de Victor. “No futebol deveria ter a questão da separação entre os PCs, separar aqueles com mínima das com maiores sequelas. É algo mais justo para todo mundo. ”

Bastante focado e realista, Emanoel sabe que esse ciclo paraolímpico mais curto será de desafios, especialmente por não ter algumas competições que normalmente teriam em um calendário cheio. “Então esse ano será usado para acertar bastante coisas técnicas”, explica o paratleta. Já 2023 e 2024 serão, de acordo com ele, “dois anos chave” pra chegar bem em Paris.

O caminho parece estar sendo o certo, o que resta agora é torcer pelo brasileiro, que está mais do pronto para fazer uma Olimpíada memorável em Paris.