Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Pixabay
Pixabay

Diante do avanço da variante ômicron do coronavírus e as epidemias de influenza causadas pelo vírus H3N2 em diversos estados do país, era de se esperar que seria um questão de tempo cada vez mais quadros de infecções conjuntas entre as duas doenças. A infecção simultânea de Covid-19 e influenza tem sido chamada de Flurona.

O nome é uma junção de “influenza” com “coronavírus”. Em 2022, Israel foi o primeiro país a confirmar um caso de flurona. A paciente era uma mulher grávida não vacinada. Foi divulgado que ela mal sentiu sintomas.

Apesar do termo ter se popularizado no Brasil pelas múltiplas infecções simultâneas recentes, há especialistas, como o infectologista do hospital universitário da USP Gerson Salvador, que acreditam que o nome “flurona” mais atrapalha do que ajuda.

“Co-infecções são muito frequentes em infecções respiratórias e a gente sabe que pode haver co-infecção de influenza e Covid-19 desde o início da pandemia, por isso, o termo flurona é absolutamente inadequado. Não existe uma nova doença, o que existe é uma co-infecção e isso não é, em absoluto, uma novidade”, comenta.

Leia Também: Conheça Davi Seremramiwe Xavante, primeira criança vacinada contra a Covid-19 em SP

Assim como explica Salvador, especialistas afirmam que infecções simultâneas por vírus respiratórios não são raras. O que não se sabe exatamente, pela falta de estudos, é como a infecção paralela pode afetar o corpo.

“A grande dúvida é, ainda não se sabe se é pior do que cada uma das infecções individuais, e provavelmente não. Qual vírus está causando qual sintoma ainda não se tem certeza”, diz o clínico geral Arnaldo Lichtenstein

Em entrevista ao Jornal da Cultura, Lichtenstein, também chamou atenção para outra característica da flurona, que é a subnotificação do quadro. Por apresentarem sintomas parecidos, como fraqueza, dor de cabeça, tosse e, em casos mais graves, dificuldade para respirar, é comum que pessoas que façam o teste de Covid-19 e recebam um diagnóstico positivo não realizem mais nenhuma testagem para outro patógeno, o que impossibilita a descoberta de outras infecções do tipo.

Confira o comentário do clínico geral Arnaldo Lichtenstein no Jornal da Cultura sobre flurona:


Sintomas

De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, os sintomas mais comuns dos tipos de vírus causadores da influenza são febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabeça, no corpo e nas articulações, calafrios e fadiga. O subtipo H3N2, o qual até o momento não tem cobertura vacinal no Brasil, pode apresentar como características febre alta, inflamação na garganta, calafrios, perda de apetite, irritação nos olhos, vômito, dores articulares, tosse, mal-estar e diarreia, principalmente em crianças.

Já a Covid-19, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) tem como sintomas mais comuns febre, cansaço e tosse seca. Em alguns pacientes, a doença pode causar problemas um pouco menos frequêntes como perda de paladar ou olfato, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de cabeça, dores nos músculos ou juntas, diferentes tipos de erupção cutânea, náusea ou vômito, diarreia, calafrios ou tonturas. O sintoma mais preocupante causado pelo coronavírus quando ele evolui para casos graves é a falta de ar.

Gladys Villas Boas, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês explica que, até o momento, não há evidências de que a infecção simultânea dos dois vírus potencialize os efeitos de nenhuma das duas doenças. “Dizer que a infecção conjunta de influenza e coronavírus vai ser pior não é correto. São duas doenças concomitantes na verdade. Pode ser que você tenha mais tempo de tosse porque tem dois vírus ali”, diz.

A assessora de comunicação Giovanna Cardoso, de 22 anos, foi diagnosticada com Covid-19 e gripe influenza na semana do natal do último ano. Ela conta que acordou com febre, dores no corpo, dor de garganta, coriza e muita tosse. Inicialmente, ela pensou se tratar de uma gripe comum e descartou uma ida ao médico. No entanto, depois de dois dias, os sintomas não melhoraram e ela foi ao hospital, onde foi recomendada a fazer os testes para as duas doenças.

“Quando saiu o teste e deu positivo para influenza eu já fiquei mais tranquila, mais aliviada. Ia começar a tomar os remédios no mesmo dia. Por acaso eu lembrei que eu tinha feito o teste de Covid. Lembrei e falei, ‘vou ver aqui, deve ter saído. Vai dar negativo porque eu estou com influenza’. Quando eu abri o teste e vi que deu positivo fiquei desesperada”, relata.

Mesmo com a medicação prescrita pelos médicos, Giovanna voltou ao médico após cinco dias da manifestação das dores no corpo. “A médica que me atendeu falou que eu só não estava no hospital acamada por causa da vacina”, conta.

A jovem cumpriu 14 dias de isolamento até não sentir mais os sintomas causados pela infecção dupla. Ela afirma que ficou com algumas sequelas. “Uma dor nas minhas costas continua até hoje. Não consigo mais andar muito tempo sem sentir dor no meu corpo inteiro”.

“Não há grandes publicações sobre o tema porque não é uma coisa muito especial. É uma doença viral e aí quando você vai olhar são dois vírus. Mas não é muito diferente de ter um ou outro. Na verdade, pode ser bem parecido com ter um ou com ter os dois vírus”, reforça Gladys.

Prevenção

As formas de se prevenir de um quadro da Covid-19 e do vírus da gripe são semelhantes. Especialistas são unânimes em afirmar que medidas como manter uma boa higiene das mãos, uso de máscaras e isolamento social dificultam a disseminação das doenças.

O que difere são as vacinas. Tanto a Covid quanto a influenza possuem imunizantes próprios. No começo do ano, o Instituto Butantan, que produz o imunizante Coronavac, para Covid-19, informou que iniciou a produção da nova vacina contra a gripe para ser utilizada pelo SUS em 2022.

A novidade do novo imunizante é que ele é trivalente, ou seja, trará proteção contra os vírus H1N1, H3N2 (do subtipo Darwin) e a cepa B. Até então, o medicamento utilizado não trazia proteção para a H3N2, o que influenciou nos surtos de gripe pelo país.

Leia Também: Rio de Janeiro amplia oferta de testes para Covid-19 nos centros de testagem