Há 45 anos, a Academia Brasileira de Letras escolhia a primeira mulher a ocupar uma cadeira na instituição. Rachel de Queiroz não fez um discurso sobre a conquista para o movimento feminista, mas a sua presença foi um símbolo do questionamento da ausência desse público durante quase oito décadas de existência.
Até 1951, o Estatuto da ABL tinha como definição para candidaturas uma explicação já determinada desde a sua inauguração: “Brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário”.
Quando a primeira mulher tentou enviar a sua proposta de candidatura, Amélia Beviláqua, em 1930, a Academia afirmou que a palavra "brasileiros" era uma referência apenas ao sexo masculino. Em 1950, o Regimento Interno deixou ainda mais explícita a sua colocação ao acrescentar "brasileiros, do sexo masculino" no artigo.
A escritora Dinah Silveira Queiroz foi a segunda mulher a tentar entrar para o círculo, mas foi rejeitada. Apenas em 1977, a Academia Brasileira de Letras aceitou mudar as regras para aceitar mulheres e imortalizar Rachel de Queiroz. Após a sua aceitação, outras autoras entraram para a instituição.
Em 1980, Dinah Silveira de Queiroz tentou mais uma vez e foi aceita. A terceira mulher a ser membro foi Lygia Fagundes Telles, em 1985. Nélida Piñon foi a próxima, em 1989. Em seguida, Zélia Gattai, em 2001, Ana Maria Machado, em 2003, Cleonice Berardinelli, em 2009, e Rosiska Darcy, em 2013. A candidatura mais recente foi a de Fernanda Montenegro.
Assista ao programa Roda Viva com Rachel de Queiroz em 1991:
Veja o Minuto Cultura sobre o tema:
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