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Por fazer parte do grupo de risco, público 50+ vê queda em ofertas de emprego

O mercado de trabalho para o público 50+ vinha crescendo nos últimos anos, no embalo do interesse das empresas por funcionários mais experientes e resilientes e da busca pela diversidade.


20/07/2020 19h23

O mercado de trabalho para o público 50+ vinha crescendo nos últimos anos, no embalo do interesse das empresas por funcionários mais experientes e resilientes e da busca pela diversidade. Mas a pandemia do coronavírus impôs uma pausa no processo. Por fazerem parte do grupo de risco, esses colaboradores viraram uma espécie de ameaça para as empresas, que preferem evitar problemas de saúde com funcionários em meio a tantos desafios para sobreviver à crise econômica.

O problema vai além. A remuneração dos idosos corresponde a mais da metade da renda total de 20% dos domicílios brasileiros, segundo uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O estudo considera recursos de trabalho, aposentadoria e pensão.

Qual o cenário do mercado? O público 50+, que inclui quem tem entre 50 e 70 anos, principalmente, ficou estigmatizado como grupo de risco. Ainda que a idade não seja o único complicador da doença. As empresas afastam o colaborador das atividades e tem preferido não considerar essa faixa etária no momento de novas contratações.

Desde março, os novos contratos de pessoas 50+ praticamente zeraram. A informação é de Morris Livtak, CEO da plataforma Maturijobs, que conecta trabalhadores com mais de 50 anos a empresas que buscam esse público.

O efeito é maior entre os trabalhadores braçais e do comércio, que não têm como fazer home office e, durante a reabertura da economia, continuam afastados por serem considerados de risco. Problema: esses são justamente os de menor renda (C, D e E). A tendência é que acabem saindo em definitivo da força de trabalho.

Mas as empresas estão mesmo em uma situação difícil. Livtak lembra que 90% dos negócios no país têm porte pequeno ou médio, e estão tentando sobreviver na crise econômica sem data para acabar.

Esse é o novo normal no mercado de trabalho? Sim, pelo menos até a vacina aparecer e o pior da crise econômica passar, acredita Livtak. “Agora, a prioridade das empresas é sobreviver e não políticas de diversidade e inclusão”, garante Livtak.

Mas não é um normal para sempre. “No médio prazo, com vacina e doença controlada, o envelhecimento da população voltará a se impor às empresas e governo”, diz o CEO da Marutijobs.

A pauta da diversidade, hoje encabeçada pelas grandes empresas, deve retornar à mesa, já que a pandemia reforçou a importância da ação social e da resiliência. Para Litvak, quando a economia estiver mais equilibrada, as empresas poderão retomar esforços e diversificar seu corpo de funcionários.

Que lição o mercado 50+ tira de toda essa crise? “Que o público entre 50 e 60 anos tem total condição de aprender muita coisa, de tecnologia ou não, em casa”, analisa Litvak.

Na pandemia, mesmo quem não era usuário assíduo de tecnologia percebeu a importância de se capacitar minimamente. Os 50+ fizeram curso online até de empreendedorismo. Com isso, muita gente percebeu que o trabalho pode ser feito de forma remota e mais autônoma. Está aberta a porta para uma nova forma de posicionamento do público 50+, até então reconhecido pela resiliência e paciência.

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