Fundação Padre Anchieta

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Até pouco tempo atrás era difícil pensar que a procura por imóveis em bairros como Vila Mariana e Pinheiros, tradicionalmente requisitados, pudesse cair. Mais improvável ainda seria imaginar pessoas se mudando em massa para regiões afastadas do centro, como Vila Andrade, na zona sul, e Santana, na zona norte, ou até para municípios vizinhos, como Caieiras, Diadema e Osasco.

Não que esteja acontecendo um esvaziamento dos grandes centros, que se mantêm no topo das pesquisas nos sites de venda e locação de imóveis, mas a pandemia continua a causar reviravoltas comportamentais no setor.

Em um levantamento divulgado com exclusividade pelo Estadão, comparando as buscas entre o segundo e o primeiro trimestre de 2020, a imobiliária digital QuintoAndar registrou queda em diversos bairros considerados “queridinhos” do público, como Pinheiros (-7%), Vila Mariana (-2%), Butantã (-9%), Bela Vista (-10%) e Moema (-10%). No mesmo período, cresceu a procura em bairros como Vila Andrade (19%), Tatuapé (14%), Santana (10%), Mooca (10%), Ipiranga (9%) e Perdizes (3%).

Apesar de a capital como um todo ainda ser a cidade mais pesquisada do Estado, ela também sofreu queda de 2%, enquanto municípios vizinhos vivenciaram uma alta incomum. No pódio aparece São Caetano do Sul, com 66% mais buscas entre maio e junho em comparação a janeiro e março, seguida por Diadema (56%), Campinas (20%), Osasco (15%), São Bernardo do Campo (8%) e Taboão da Serra (6%).

Para José Osse, head de comunicação do QuintoAndar, o movimento é fruto de dois fatores. “A redução de renda, por exemplo, incentivou muitas pessoas a buscarem imóveis mais baratos para diminuir custos”, explica. “Mas teve também quem acabou preferindo se mudar para um lugar maior, para poder ter mais conforto trabalhando de casa ou mais espaço para lazer.”

Muitos viram a possibilidade de conciliar as duas demandas migrando para bairros menos centralizados ou cidades vizinhas. O executivo diz que a localização continua a ser importante – tanto que as buscas se concentram em municípios-satélite de São Paulo. Na plataforma da empresa, no entanto, o filtro de proximidade com o transporte público foi 25% menos acionado do que no primeiro trimestre.

No portal da imobiliária Lopes, a tendência também ganhou força. Embora tenha figurado em mais da metade das buscas no mês de junho (52%), a capital paulista, que em janeiro representava uma fatia de quase 64% do bolo, passou a dividir atenção com outros municípios.

Em alguns casos, a alta registrada chega a três dígitos, como Santana do Parnaíba, que teve aumento de 920% na procura entre janeiro e junho, Caieiras (734%), Indaiatuba (407%) e Mogi das Cruzes (309%). Outras cidades que entraram na mira dos paulistanos são Cotia, Campinas, Sorocaba, Atibaia, Bragança Paulista, Vinhedo e Santos. “Sem dúvida nenhuma, o aumento expressivo das buscas em cidades próximas à capital está relacionado à pandemia do novo coronavírus”, diz Paulo Sergio Pinheiro, sócio-diretor executivo de operações para o litoral e interior de São Paulo.

Ele fala que a grande maioria do público vem da capital em busca de moradias com custo-benefício vantajoso. Em Santana do Parnaíba, por exemplo, houve um aumento expressivo na demanda por casas em condomínios como Alphaville, Tamboré e outros da região. “Os clientes conseguem imóveis de grandes metragens por preços semelhantes a apartamentos compactos da zona oeste de São Paulo”, explica.

Mais espaço por menos custo

Custo-benefício foi o que determinou a mudança da analista de recursos humanos Liliane da Silva, de 35 anos, durante a pandemia. Mãe de um menino de 3 anos, ela se divide entre a rotina do pequeno, home office e trabalho presencial. Chegou a procurar imóveis no Sacomã, bairro da zona sul paulistana que dá acesso estratégico à Avenida Rudge Ramos, onde fica a empresa em que trabalha.

Depois de muita pesquisa, porém, elegeu São Caetano do Sul, que considera referência em políticas públicas de saúde e educação, como nova morada. “Dentro desse quadro de pandemia, é uma cidade que vem se destacando bastante nos cuidados, com um número baixo de contaminação (por covid-19) e fazendo testes em massa desde o começo”, conta.

A qualidade de vida que enxergou no município e na nova casa, com três quartos e uma churrasqueira coberta no terceiro andar, pesou na decisão, apesar de até ter encontrado imóveis com preços mais acessíveis em São Paulo. “São Caetano não é uma cidade barata. Mas, colocando tudo na balança, entre as questões desse momento de pandemia e as incertezas do futuro, está valendo a pena.”

Para Luiz Antônio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a tendência é que a distância não seja mais medida em quilômetros, mas em tempo de deslocamento. “O home office deve ser misto e rotativo no futuro, então as pessoas vão procurar imóveis e regiões em que tenham mais qualidade de vida, sim, mas que estejam próximos de São Paulo, caso precisem se deslocar até o trabalho duas ou três vezes por semana”, prevê.

Ele fala que a pandemia evidenciou necessidades que antes ficavam em segundo plano, mas acha cedo para afirmar se as transformações serão permanentes. “É um processo puramente comportamental, não sabemos como será daqui a um ano”, diz, sublinhando que as incorporadoras sempre fazem a leitura do mercado e constroem onde tem público. “Se viver nos municípios próximos à capital se tornar de fato uma tendência, ela certamente será atendida.”