O pagamento do auxílio emergencial ajudou a aquecer as vendas de eletrodomésticos em todo o país. O aumento foi mais forte no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, segundo levantamento feito pela consultoria GfK. Nessas regiões,as vendas não só recuperaram as perdas do começo da pandemia como superaram os patamares de 2019 após a injeção do auxílio de R$ 600 na economia.
Como dá para fazer essa associação? A crise estourou na 13ª semana do ano (em março), quando a maioria das cidades entrou em quarentena. Neste período, a queda nas vendas foi brutal (-65% em relação a igual período de 2019). Mas começaram a recuperar os volumes de 2019 assim que a Caixa começou a pagar o auxílio emergencial. O ápice ocorreu na 25ª semana, em junho.
“O país estava em crise, a única coisa que mudou para alterar o comportamento de compra do consumidor foi o pagamento do auxílio emergencial. Só isso explica esse aumento”, disse Fernando Baialuna, diretor da GfK.
Como foi esse desempenho por região? Norte e Nordeste tiveram as maiores altas considerando as vendas registradas no período de março julho:
- Norte + Centro Oeste: 22%
- Nordeste: 29%
- Sudeste: 18%
- São Paulo: 7%
- Sul: 6%
Que outros sinais de que o auxílio foi usado nessas compras? O consultor de varejo Eugenio Foganholo disse que os varejistas relataram uma mudança na forma de pagamento. “Houve um crescimento muito forte da venda à vista, de até 20 pontos percentuais em alguns casos.”
Em outros casos, segundo ele, houve o pagamento de uma entrada maior para reduzir o valor final a ser financiado. “Esse comportamento demonstra uma preocupação em não fazer crediários muito longos ou com parcelas altas.”
Alguma explicação para essas compras? É a mesma que justifica o interesse das pessoas por ampliarem o conforto do lar durante a pandemia. “As pessoas ficaram mais tempo em casa e por isso perceberam a necessidade de ter uma TV melhor ou uma geladeira mais atualizada. O consumo das famílias está direcionado para o lar agora.”
Como fica isso daqui para a frente? Esse é o grande X da questão. Com o fim do pagamento do auxílio emergencial, o varejo evita apostar em como ficarão as vendas daqui para a frente. “O que vai acontecer, não sabemos. Mas também sabemos que não dá para manter esse benefício por muito mais tempo, começa a ficar insustentável”, afirma Foganholo.
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