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"A cultura política brasileira é, em maior ou menor grau, autoritária e messiânica", diz Rodrigo Prando

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Tarde, o cientista político e professor falou sobre a participação popular na democracia


15/09/2020 18h44

Neste Dia da Democracia, o Jornal da Tarde entrevistou o cientista político e professor Rodrigo Prando para abordar a participação dos cidadãos na política e no fortalecimento da democracia.

Para ele, a rejeição à classe política por parte da sociedade se deve, em grande parte, ao distanciamento do poder e da burocracia partidária em relação à vida do cidadão, além da ideia de que o papel do indivíduo na democracia se resume apenas ao voto. "Uma parte dos cidadãos que votam não acompanha aquele que votou, e se exime de se comprometer com a vida pública, com aquela vida que é coletiva", afirma.

Sobre a guinada autoritária no debate político, que inclui pedidos pela volta da ditadura militar, Prando fala sobre a tendência de buscar um "salvador da pátria" na política: "A cultura política brasileira é, em maior ou menor grau, autoritária e messiânica. Acredita-se que alguém chegue do alto e vai regenerar e promover uma limpeza ética. A democracia em qualquer lugar do mundo tem defeitos, mas ela também tem as ferramentas que permitem a correção desses defeitos".

A dois meses das eleições municipais, o cientista político dá dicas para votar com consciência e driblar as notícias falsas nas redes sociais: "Desconfie. Geralmente, a fake news é alarmante, é uma coisa que tem um 'segredo', algo que ninguém te contou. Veja só: nenhum jornal, nenhuma mídia noticiou aquilo, mas a sua tia no Whatsapp está sabendo daquilo e vai te mandar uma coisa que vai mudar a humanidade nos próximos 50 anos?". Para ele, o ideal é buscar informações em fontes confiáveis antes de repassar qualquer mensagem.

O perigo do 'viés de confirmação'

Prando alerta também para um aliado da disseminação de informações falsas na internet: o fenômeno do 'viés de confirmação'. O termo é usado por especialistas da comunicação para denominar a tendência de replicar mensagens que reforçam as opiniões e a visão de mundo do receptor. "Se eu recebo algo que confirma minha visão de mundo, eu simplesmente compartilho porque eu me sinto confortável, ao passo que me questionar se aquilo é verdade dá trabalho", diz.

"Nós estamos substituindo a razão e a verdade pelo conteúdo emocional, que é facilmente manipulado."

Sobre a desconfiança de parte da população em determinados veículos de imprensa e até em pesquisas científicas, o conselho é ficar atento e procurar dados verificáveis em fontes diferentes: "Se você duvidar do que um canal de televisão ou um jornal colocaram, é simples: procure outro".

Veja a entrevista na íntegra:


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