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Aldo Quiroga presta homenagem a Quino: No estás sola

Hoje, aos 88 anos, Quino parte para desenhar outros mundos possíveis. Deixa uma menina órfã. Deixa um mundo doente órfão.


30/09/2020 13h57

Nascer velhinhos, começar a vida num asilo até ser expulsos com um chute no traseiro aos quarenta anos, quando já teríamos meia vida trabalhada e poderíamos começar a gozar da aposentadoria ao aproximar-nos do início da vida adulta. Aos poucos perderíamos a seriedade com tudo, as aventuras adolescentes nos encheriam de adrenalina e nos despediríamos deste mundo embalados pelas fantasias e a inocência infantil. Era assim que ele desejava que a vida fosse, “¡al revés!”.

Nasceu Joaquin, na província argentina de Mendoza. Quando tinha trinta anos, conheceu uma pequena menina que o levou pelo mundo e o fez conhecido com cinco letras. A menina deu vida a ele por nove anos(!), entre 1962 e 1973. Menos de uma década de reflexões filosóficas, provocações, perguntas e respostas óbvias para as mais rebuscadas das questões existenciais. Aventuras diárias de outro mundo possível que só poderiam ser encarnadas nessa idade em que tudo é possível e quando ainda não nos deixamos convencer do contrário, como ela bem nos lembra.

Eram tempos de um mundo adulto em efervescência e convulsão. Talvez por isso, esses nove anos pareçam intermináveis e suas histórias sejam sempre atuais. Porque os adultos ainda não tem a maturidade dela para superar suas próprias convulsões.

Eu a conheci ainda criança e pela mão dela entendi que o mundo precisava ser enfaixado, tinha que ter a temperatura medida, e precisava de cura. Que os adultos não entendem as coisas. Que sopa não é legal. Que a escola nem sempre emancipa. Que o cassetete é um pauzinho para modelar consciências. Que a ganância se aprende cedo. E a generosidade, mais cedo ainda. Que a liberdade é aquela amiga pequena e delicada que sempre precisamos ter conosco, porque é dela que vem a força para enfrentar todos os desafios.

Hoje, aos 88 anos, Quino parte para desenhar outros mundos possíveis. Deixa uma menina órfã. Deixa um mundo doente órfão.

Mas, Mafalda querida. Você não está sozinha. Somos muitos, você não vê? Estamos por toda a parte. Continuamos aqui. Detestamos sopa e as mazelas humanas, temos a Liberdade como melhor amiga, sabemos de coração as respostas que certa escola não quer que repitamos, seguimos fazendo perguntas inconvenientes e gritando ¡Basta!

Vamos brincar lá fora, Mafalda. Brincar de fazer deste um outro mundo possível...

Aldo Quiroga é jornalista, editor-chefe, âncora do Jornal da Tarde e fã da Mafalda desde que se conhece por gente.

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