Em entrevista exclusiva concedida ao Jornal da Cultura deste sábado (10), o cientista político Jairo Nicolau falou sobre o lançamento do livro "O Brasil dobrou à direita", uma radiografia da eleição de Bolsonaro em 2018. Nele, o autor tenta identificar quem é e o que deseja o eleitor bolsonarista.
"A gente pode resumir os achados desta pesquisa em alguns aspectos. O voto que o Bolsonaro recebeu em 2018 é predominantemente masculino. Entre as mulheres, a diferença foi pequena em relação ao candidato do PT. Principalmente mulheres que já completaram o Ensino Médio. Ele também foi um candidato, sobretudo, do evangelho. Sete a cada dez eleitores evangélicos votaram no Bolsonaro. Foi a maior diferença que um candidato já teve no segmento. Enfim, são esses achados que vão sendo mostrados aos poucos do livro, que é curtinho, mas tem muito dado.
Após desmistificar a relação entre o perfil do eleitor de Bolsonaro e uma ideologia fascista, Jairo Nicolau também rejeitou a ideia de que há a formação de uma ideologia bolsonarista. Segundo o cientista político, a popularidade do atual presidente da República está vinculada ao à capacidade comunicativa deste com seus apoiadores.
"Eu prefiro não falar em bolsonarismo. Eu tento demonstrar a singularidade da vitória do Bolsonaro em 2018. Acho que ele é o maior líder popular da direita, no sentido da comunicação que tem com seu eleitor, desde a redemocratização. Mas comparando com outros políticos, ainda é cedo. Saiu do PSL, a aliança que tentou formar foi um fiasco de organização. Ainda é cedo para falar em ideologia, doutrina bolsonarista, e até na permanência deste fenômeno.
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