Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Sustentabilidade não é apenas abraçar árvore.” Esta frase se tornou uma espécie de mantra entre os ambientalistas para sintetizar que a questão se tornou muito mais abrangente.

O símbolo dessa complexidade é a importância que a sigla ESG vem ganhando no mercado corporativo. São as iniciais em inglês para meio ambiente, social e governança (environmental, social and governance), as três dimensões envolvidas na nova visão de sustentabilidade.

“É uma abordagem muito presente na Europa já há alguns anos e que agora está chegando ao Brasil com força”, diz o professor Alexandre Garcia, reitor de pós-graduação da Fundação Álvares Penteado (Fecap), que estudou o tema na tese de doutorado.

 Pandemia impulsiona ESG

Há um entendimento crescente de que a jornada ESG de uma empresa está se tornando um aspecto essencial para definir a sobrevivência dessa organização a longo prazo, ressalta Garcia.

“Os clientes e as outras empresas irão se afastar naturalmente das organizações que não comprovem ter a preocupação necessária com os princípios ESG”, adverte o professor.

Para ajudar as empresas nesse processo, a consultoria KPMG lançou durante a pandemia a cartilha “ESG em tempos de crise”, baseada na ideia de que a crise da covid-19 impulsionará a relevância dessas práticas.

“Muito do que estamos passando aponta para um ambiente empresarial mais colaborativo, consciente, com propósitos de geração de valor para todos os envolvidos e com uma atuação mais atenta aos impactos gerados por sua empresa no mundo”, explicou a consultoria ao divulgar o novo serviço.

“Espera-se, portanto, como cenário pós covid-19, que as organizações sustentem uma cultura de maior empatia e responsabilização para com os aspectos socioambientais considerados crônicos no mundo.”

Visão de longo prazo

O grau de maturidade de uma empresa em ESG deve influenciar, cada vez mais, o nível de investimentos que ela receberá. Trata-se de um aspecto que vem ganhando relevância como critério de decisão dos grandes investidores.

Em sintonia com essa tendência, a Órama, plataforma digital de investimentos, lançou em outubro um selo que valoriza fundos com políticas consistentes de ESG. Entre os mais de 600 fundos que estão disponíveis na plataforma, apenas quatro foram selecionados para receber o selo no primeiro momento – indício de que a análise é criteriosa.

“O objetivo é que essa lista cresça na medida em que outros fundos valorizem práticas ESG”, diz a estrategista-chefe da Órama, Sandra Blanco. O retorno esperado não é de curto prazo, pois empresas maduras em ESG não necessariamente são aquelas que apresentam a maior rentabilidade hoje, e sim aquelas mais propensas a criar valor a longo prazo.

Círculo virtuoso

Grandes empresas têm se esforçado para mostrar suas iniciativas em ESG. Marcada por acidentes graves em suas operações nos últimos anos, a Vale até criou um portal voltado ao tema, com o objetivo de aumentar a transparência na relação com a sociedade e os acionistas.

A empresa identificou 52 lacunas e definiu um plano de ações para resolvê-las até o final da década que está iniciando. São metas que envolvem, por exemplo, dobrar a participação feminina nos quadros da empresa, aumentar a diversidade entre os componentes do Conselho de Administração e investir US$ 2 bilhões em modalidades de energia renovável. Para incentivar o engajamento do alto escalão, as metas de ESG foram atreladas à remuneração de longo prazo dos executivos da Vale.

A valorização dos princípios ESG é vista como um círculo virtuoso que se retroalimentará ao longo dos próximos anos. “Quanto mais as pessoas tomam consciência da importância da diversidade e da inclusão nas organizações, mais elas passam a buscar empresas que tenham esse pilar como um valor intrínseco”, diz Cris Kerr, professora da Fundação Dom Cabral e CEO da consultoria CKZ Diversidade, especialista em inclusão no ambiente corporativo.

O Estudo Global de Tendências de Talentos da consultoria Mercer revelou que um entre cada três profissionais já diz preferir trabalhar para um empregador que mostre responsabilidade com todos os stakeholders, não apenas acionistas e investidores. E 68% dos executivos afirmaram a intenção de dar mais atenção imediata às metas ambientais, sociais e de governança.

Sopa de letrinhas

O “E” da sigla diz respeito à gestão ambiental propriamente dita, incluindo a redução do impacto das atividades da empresa, com atenção ao uso de recursos naturais (água, solo, madeira, minério etc), consumo de energia, manejo de resíduos, emissão de gases causadores do efeito estufa, entre outros aspectos.

Outro componente do tripé é o “S”, de social, que diz respeito à forma como as corporações lidam com todos os seus públicos, incluindo funcionários, clientes, fornecedores e comunidade. O objetivo deve ser gerar impacto positivo para a sociedade como um todo – por isso, questões como ética, transparência e diversidade são princípios essenciais a serem seguidos nessas relações.

Já o “G” é uma referência à necessidade de implementar boas práticas de governança corporativa, levando em conta os interesses de todas as partes envolvidas – uma forma de equilibrar uma relação que, em geral, costumava dar prioridade aos acionistas.

Dez questões para avaliar o nível de maturidade ESG da empresa, segundo a consultoria KMPG

  1. Qual a percepção dos investidores quanto a questões sociais, ambientais e de governança?
  2. Temos confiança nos dados que estão sendo gerados internamente e divulgados ao mercado? Essas informações atendem às preocupações e expectativas dos investidores?
  3. Nosso planejamento estratégico incorpora as questões ESG? Temos controles e indicadores robustos para monitorar a aplicação de forma efetiva das diretrizes ESG?
  4. Os temas ESG fazem parte das discussões e monitoramento periódico do Conselho de Administração e de executivos da organização?
  5. Os atuais sistemas de gerenciamento de riscos são eficazes para capturar riscos e oportunidades ambientais e sociais emergentes?
  6. Estamos prontos para responder às demandas dos clientes para sermos mais social e ambientalmente responsáveis?
  7. Como nosso negócio pode crescer e reduzir simultaneamente sua pegada de carbono?
  8. Estamos investindo na inovação de produtos e serviços mais ecológicos para responder às necessidades do mercado?
  9. A reputação da organização está em risco por não atender às expectativas de nossos stakeholders em relação ao desempenho social e ambiental?
  10. Como nossas instalações e cadeia de suprimentos seriam afetadas por impactos ambientais como condições climáticas extremas, escassez de água etc.?