Fundação Padre Anchieta

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Divulgação/TV Cultura
Divulgação/TV Cultura

A síndrome de Down, também conhecida como trissomia 21, é uma alteração genética que ocorre no cromossomo 21. Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem aproximadamente 300 mil pessoas com a síndrome.

Para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorada em 21 de março, o site da TV Cultura entrevistou três influenciadores portadores da síndrome para contarem um pouco sobre sua rotina diária, lutas e conquistas.

Maju de Araújo 

Ela é a primeira modelo com síndrome de Down no país. Em sua jornada, sofreu e ainda sofre preconceito e capacitismo, mas garante ter aprendido com o tempo que não precisa mudar nada em si, porque o que deve mudar é o olhar do outro. “Recebi muitos 'nãos' no início da carreira e até hoje recebo. Me qualifiquei, batalhei muito e estive sempre mostrando que a síndrome de Down não me impedia de fazer nada, mesmo assim, algumas pessoas colocam limitações acima dos meus potenciais”.

Sua carreira profissional começou em 2018, quando foi descoberta pelo grupo MGT. Desde pequena, sempre gostou de arte, moda, beleza e fotografia, mas sua decisão em se tornar modelo ocorreu quando ela despertou do coma que sofreu após uma meningite. “Quando estava sendo transferida para outro andar, dentro do elevador, acordei e falei para minha mãe se acalmar que eu sairia dali forte e me tornaria uma grande modelo”, relembra Maju.

Semanas após sua recuperação e alta do hospital, participou de uma audição que a declarou como a nova descoberta no mundo da moda, e no ano de 2019, se formou na escola de modelos.

No mundo da moda, Madeline Stuart, que também tem síndrome de Down, e Gisele Bündchen, são suas inspirações. Fora das passarelas, sua maior referência e motivação, é a sua mãe. “Ela enxerga o melhor em mim e luta para que o mundo também enxergue. Sempre acreditou no meu sonho e no meu potencial e nunca se intimidou pelos possíveis 'nãos' que receberia”, destaca.

Ser modelo é um orgulho para Maju, mas ela ressalta que ficará mais feliz quando a presença de pessoas com síndrome de Down e outras deficiências nas passarelas não for mais notícia ou novidade.

Inclusão

Maju afirma que a inclusão dentro da sociedade ainda é pequena. Não somente para as pessoas com a trissomia 21, mas também para aquelas com qualquer deficiência. “Infelizmente a inclusão hoje é apenas uma maquiagem, não é genuína. Muitas pessoas não conhecem esse universo e não veem a inclusão como um benefício para todos. Muitos ainda acham que a inclusão é um favor e que nós precisamos implorar e lutar por ela”, ressalta.

Redes Sociais

Maju diz que ainda recebe comentários negativos nas suas redes sociais, mas que são menores em comparação aos positivos. Entretanto, ela destaca que isso não tira o peso e a crueldade dos poucos comentários preconceituosos que recebe.

Dudu do Cavaco

Durante o período escolar, Eduardo Gontijo, mais conhecido como Dudu do Cavaco, 30, artista e primeiro músico com síndrome de Down no Brasil, não foi aceito em 14 escolas, além de ter enfrentado olhares maldosos nos locais em que estudou.

Para seu irmão, Leonardo Gontijo, uma escola que não aceita a todos, forma uma sociedade semelhante, ou seja, que não aceita a diferença e diversidade.

Desde pequeno ele descobriu a sua paixão pela música, mas o sonho foi desestimulado por oito professores que falaram para família que ele não iria tocar. “Ao consultar o nono professor, ele percebeu que o Dudu guardava números e hoje ele toca dez instrumentos”, conta Leonardo.

Quando está no palco se apresentando, o seu corpo se enche de felicidade. “Quando eu estou tocando meu cavaquinho, pego minha emoção e jogo nele, para passar para todo mundo”, conta Dudu.

Durante a pandemia do novo coronavírus, com a paralisação dos shows, ele aproveitou seu tempo livre e aprendeu a tocar profissionalmente o teclado. Além das músicas, realiza palestras sobre diversos temas, a depender do público.

Juntos, os irmãos criaram o Instituto Mano Down, após Leonardo publicar o livro “Mano Down – Relatos de um irmão apaixonadoe, partir daí iniciaram uma trajetória para dar visibilidade e criar oportunidades, para que essas pessoas possam ser incluídas na sociedade e reconhecidas por suas capacidades.

Durante os anos, o projeto foi agregando famílias e crescendo, e atualmente, integra 320 famílias.


Cacai Bauer

A primeira influenciadora do país com a trissomia 21, Cacai Bauer, 26, também enfrenta a mesma situação e conta que a única coisa que faz ao receber algo do tipo é ignorar.

Seu trabalho começou no Youtube, contando um pouco sobre o seu dia a dia, realizando desafios e paródias. Para ela, o reconhecimento é muito gratificante. “Eu me sinto muito honrada, feliz e me desejo muita sorte”, diz.

A internet se tornou um trabalho para ela e para toda a sua família que a apoia com sua carreira. Diariamente, Cacai recebe muitas perguntas dos seus seguidores sobre diversos assuntos, mas, principalmente, sobre o seu desenvolvimento, vida escolar e relacionamento amoroso.

Durante sua vida, ela conta não ter sofrido preconceito por ter trissomia 21, pelo contrário, sempre teve muitos amigos e foi bem recebida em todos os lugares. Em todas as escolas em que estudou, foi a primeira pessoa com deficiência, sendo uma novidade para sua família e para a escola, que trabalharam em parceria.

“As pessoas ficam até surpresas quando falo, mas ela nunca teve nenhum problema em relação a escola e a aceitação”, expõe sua mãe.

Planos

Para o futuro, cada um deles tem sonhos diferentes. Eduardo deseja voltar para os palcos e realizar palestras presenciais. Maju espera voltar logo às passarelas e ter a oportunidade de expandir sua carreira internacionalmente e Cacai quer viajar pelo mundo e conhecer a Disney.

Mas em comum, os três pretendem continuar realizando seus trabalhos como influenciadores digitais e inspirando outras pessoas com as suas mensagens.