Fundação Padre Anchieta

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A divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres é mais que desigual, chega a ser injusta. Pesquisa da Rede Nossa São Paulo mostra que as mulheres são responsáveis pela maioria dos serviços de casa. São elas também que planejam a execução dessas atividades – já ouviu falar em carga mental?

E quais são as tarefas predominantemente masculinas dentro de casa? Tirar o lixo e manutenção da casa. Já as mulheres cuidam dos filhos, dos pets, preparam as refeições, limpam a casa, acompanham atividades escolares, fazem as compras e se encarregam dos cuidados médicos dos familiares. Cansou só ler? Imagina elas.

“Isso é uma realidade e as pessoas achavam normal. Só que essa situação era mascarada porque a mulher tinha a ajuda da babá, da escola, da creche. Só que veio a pandemia, a mulher ficou sem essa rede de apoio e ainda teve que assumir novas tarefas, como cuidar da agenda escolar do filho. Ela ficou mais sobrecarregada, mas o pensamento de que esse trabalho compete às mulheres não mudou”, disse Angela Castro, sócia da Deloitte e líder no Brasil do programa de fortalecimento das mulheres.

Por que essas tarefas todas não incomodavam tanto como agora?

Porque a vida profissional da mulher estava separada das suas questões familiares. Com a pandemia, esses limites se romperam e todos os papéis são desempenhados em um só lugar: dentro de casa.

“Uma vez ouvi que a mulher fez dois acordos quando começou a trabalhar. Um foi em casa, com a família. Ela disse: vou trabalhar e vocês não vão nem perceber que trabalho. Outro foi com o empregador. Ela disse: vou trabalhar e vocês não vão perceber que tenho família. Só que esses papéis se juntaram no home office, o que explica essa sobrecarga”, disse Andréa Gomes, líder do comitê de equidade de gênero na Medtronic Brasil.

Por que esse problema entrou no radar das empresas?

Passado um ano de pandemia, pesquisas mostram que as mulheres estão exaustas, com reflexos para a saúde física e mental. Quase 70% delas disseram que as mudanças trazidas pela pandemia devem atrapalhar seu progresso profissional, segundo levantamento da Deloitte.

Outras 29% afirmaram que sentem que precisam estar disponíveis o tempo todo e que não conseguirão cumprir isso.

“O número de mulheres se desenvolvendo profissionalmente começou a cair, o desemprego para as mulheres cresceu e o nível de estafa também é maior para elas”, afirma Angela.

Mas o que pode ser feito para reverter isso?

Um bom começo – e que já está no radar das empresas – é redistribuir as tarefas domésticas com as pessoas que moram com as mulheres, principalmente seus companheiros.

“A melhor forma de convocar os homens para esse debate e ação ativa é reforçar a importância da igualdade de gênero também em casa. Ou seja, quando um homem lava uma louça, uma roupa, contribui para que o filho faça uma tarefa escolar, ele não está ajudando a mulher, ele está se responsabilizando pela parte dele na tarefa do lar. Ambos são responsáveis pelo trabalho da casa, ambos são responsáveis pela renda da casa”, afirma Liliane Rocha, CEO e fundadora da Gestão Kairós, consultoria especializada em sustentabilidade e diversidade.

Andréa, da Medtronic, diz que as empresas já perceberam que são parte dessa solução e começaram a incentivar a equidade de gênero também dentro de casa. “Um assunto que se discute cada vez mais é o da participação dos homens dentro das tarefas de casa.”

No ano passado, os funcionários da Medtronic participaram de um evento em que foram incentivados a dividir de maneira mais igual as tarefas com suas mulheres, como o preparo das refeições. Os maridos das funcionárias foram convidados, pela primeira vez, a participar do encontro.

“Quando percebemos que a rede de apoio da mulher desapareceu, vimos que era preciso levar essa conversa para dentro de casa e falar com parceiros, irmãos e pais sobre a participação dos homens nas tarefas. Foi uma conversa muito transparente. O vice-presidente da época disse que fazia 30% das atividades na casa dele, mas que sabia que precisava contribuir mais, que o ideal seria que fosse 50%”, conta Andrea.

Homem não ajuda, homem se responsabiliza

Para Liliane, para equilibrar essa balança é fundamental acabar com a ideia de que o homem “está ajudando” nas tarefas domésticas. “Acho que trabalhar essa responsabilidade do homem no campo do trabalho, no cuidado com os filhos, nas tarefas do lar e entender que o homem que exerce esse papel não está apoiando e sim exercendo o papel que é dele e é muito importante.”

Esse papel, na opinião dela, passa por mudanças inclusive na lei de licença maternidade e paternidade. “É necessário uma revisão, olhar novamente para essa questão a partir de um novo olhar sobre qual é o papel do homem na sociedade à luz de 2021. Que tal equiparar a licença paternidade e maternidade e deixar o casal decidir como se organiza após o nascimento do bebê?”, sugere.

Como atribuir essa tarefa ao homem de forma prática?

Como tudo na vida, uma saída é fazer uma lista de tudo que precisa ser realizado. “As mulheres fazem várias tarefas automaticamente e nem se dão conta disso. Aí, chega no fim do dia estão cansadas e nem lembram o motivo”, diz Angela.

Sabendo tudo que precisa ser feito, é possível então fazer a distribuição de atividades. Dependendo da idade, os filhos também podem ganhar responsabilidades. “É preciso saber tudo que é necessário ser feito, traçar acordos para essas ações e definir os papéis de forma igualitária.”