Morreu, neste sábado (3), o cantor Agnaldo Timóteo, por complicações da Covid-19. Ele tinha 84 anos e estava internado desde o dia 17 de março no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os médicos responsáveis pelo caso acreditam que o cantor tenha sido contaminado no intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina contra o novo coronavírus.
"É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do nosso querido e amado Agnaldo Timóteo. Agnaldo Timóteo não resistiu as complicações decorrentes do Covid-19 e faleceu hoje às 10h45. Temos a convicção que Timóteo deu o seu Melhor para vencer essa batalha e a venceu! Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações! A família agradece todo o apoio e profissionalismo da Rede Hospital Casa São Bernardo nessa batalha", escreveu a família, em nota.
Música
Agnaldo Timóteo nasceu e passou a infância em Caratinga, interior de Minas Gerais. Aos 16 anos, foi para Governador Valadares, onde iniciou sua carreira como intérprete de sucessos internacionais. Ele era reconhecido pelas rádios da cidade como “Cauby mineiro”.
A primeira oportunidade de sua carreira foi em 1965, no programa “Rio Hit Parade”, realizado por Jair de Taumaturgo, na antiga TV Rio. Agnaldo foi defensor da música “The house of the rising sun”, sucesso do grupo britânico The Animals. A partir disso, conquistou o público jovem e foi contratado pela EMI-Odeon, onde conseguiu gravar seus primeiros discos. O LP "Surge um Astro", um disco de versões de sucessos internacionais lançado naquele ano, foi sucesso de vendas do mercado fonográfico.
A década de 70 foi um marco para Agnaldo. Em 1975, lançou sua primeira composição própria, “A Galeria do Amor”, uma das grandes contribuições da música brega. Em 1977 fez o seu disco de maior sucesso “Perdido na Noite”, com a canção de trabalho assinada por si mesmo.
Já em 2011, lançou o álbum “A Força da Mulher", que reunia 14 faixas com nomes de mulher e dedicou o trabalho a então presidente da república Dilma Rousseff. Esse mesmo projeto o levou a concorrer ao Prêmio de Música Brasileira, em 2012, na categoria de melhor cantor popular.
Agnaldo também se aventurou na literatura. Ele escreveu o prefácio do livro "Mensagens para a Vovó" de autoria de Antonio Marcos Pires e participou da Bienal do Livro SP 2016.
Em 2017, lançou o álbum "Obrigado, Cauby" em homenagem ao cantor falecido, que originou seu primeiro apelido na música. No mesmo ano, foi lançado nos cinemas o documentário “Eu, pecador”, que teve como norte a campanha do cantor à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro em 2016, e retratou sua vida musical, pessoal e política.
Em 2019, o cantor sofreu um AVC e ficou hospitalizado por 59 dias. Ele retornou aos palcos em dezembro do mesmo ano, quando participou do programa Conversa com Bial, da Rede Globo.
Agnaldo Timóteo teve uma grande contribuição para cultura do país e do mundo. Mesmo sem priorizar a carreira internacional, ele viajou por mais de 32 países, entre eles: Estados Unidos, Alemanha, Itália, França, Angola, Argentina, México, África do Sul e se apresentou em todos eles, tendo grande reconhecimento em Moçambique. Timóteo tornou-se uma referência da música popular brasileira.
Política
Sem deixar sua carreira musical de lado, Agnaldo também foi um político brasileiro.
Em 1982, foi eleito Deputado Federal no Rio de Janeiro, com a maior votação daquele pleito. Em 1995, foi novamente eleito Deputado Federal, mas renunciou em 1996, para concorrer ao cargo de vereador. Entre 1997 a 2000, foi vereador pela cidade do Rio Janeiro. Em 2004, foi eleito vereador novamente, mas em São Paulo.
Em 2008, Timóteo foi reeleito em 2008 como vereador paulistano, cargo do qual licenciou-se em 2010 para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de outubro. Porém, obteve apenas uma suplência.
De volta à Câmara Municipal de São Paulo, teve atuação de destaque na Comissão da Verdade, criada em 2012. Em outubro de 2012, tentou se reeleger, mas não teve votação suficiente.
Agnaldo Timóteo deixa três filhos biológicos e uma adotiva.
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