Fundação Padre Anchieta

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Os brasileiros nunca fizeram tantas compras online de supermercado como agora. Por conta da pandemia, as idas frequentes às lojas foram substituídas por pedidos em aplicativos. Na esteira desse novo hábito surgiu uma profissão pouco divulgada pelas empresas: o shopper.

Quem é o shopper? Como o próprio nome diz, shopper é a pessoa que vai ao supermercado fazer as compras do seu pedido. Pode parecer uma tarefa fácil, mas esse profissional precisa saber escolher o item certo entre uma infinidade de tipos de frutas, legumes, verduras, cortes de carnes, além de tamanhos diferentes de embalagens, aromas e outros detalhes.

Não é como fazer a própria compra: se não tem da marca que precisa, substitui por outra. O shopper precisa perguntar para o cliente antes se pode fazer a substituição.

A forma de contratação dos shoppers é igual? Não. No Rappi, os shoppers são contratados com carteira assinada. Já na Cornershop, eles são autônomos, ou seja, sem registro trabalhista.

O trabalho também é diferente. O shopper do Rappi só compra, enquanto o da Cornershop pode só comprar, só entregar ou comprar e entregar na casa do cliente.

Esse é modelo é parecido com o empregado pela B2W, dona do Supermercado Now: o shopper pode atuar em modos mais segmentados, como somente na seleção das compras ou na entrega dos pedidos.

Como funciona a remuneração? No Rappi, o salário é fixo (empresa não informa valor, mas não deve ser alto). Na Cornershop, o valor depende de uma série de variáveis (item comprado, peso da compra, distância até o mercado e até a casa do cliente).

Em grupos de shoppers da Cornershop, eles dizem que a remuneração varia de R$ 80 a R$ 200 por dia, dependendo das horas trabalhadas e do dia. Os gastos com combustível, multas e manutenção do carro são do shopper.

Mas há a possibilidade de ganhar gorjetas. “É muito importante saber separar a compra e não misturar produtos de limpeza com comida. Se você for educado, entregar o pedido certinho, arrumadinho, a chance de ganhar gorjeta é maior. Já teve dia que ganhei mais com gorjeta do que como shopper”, diz Gean, 40, cornershopper desde dezembro.

Que outro cuidado o profissional precisa ter? Gean, que estudava medicina em Ciudad Del Este, no Paraguai, diz que é importante saber se comunicar bem com o cliente. “Você interage com o cliente pelo aplicativo, fala sobre substituições, entrega o pedido. É preciso ser educado, cuidadoso e comunicativo.”

Atacado ou mercado, o que paga mais? Gean diz que há lados positivos e negativos nos dois formatos. Nos atacados, as compras são mais volumosas e pesam mais, o que conta na remuneração. Por outro lado, há mais filas para passar a compra e o shopper perde mais tempo para finalizar um único pedido.

Nos pedidos de supermercados, os volumes são menores. “Em supermercados, o tempo de fila costuma ser menor e há mais chance de ganhar gorjeta”, conta Gean.

Qual o benefício de ser shopper? Gean tentou ser motorista de aplicativo antes de virar shopper. Para ele, compensa mais ser shopper. “O desgaste do carro é menor, fica parado no estacionamento enquanto você compra. Acho que é mais seguro, você não coloca um estranho no seu carro, é só você e as compras.”

Por outro lado, ele diz que o desgaste físico é maior: exige caminhar dentro das lojas, carregar peso e separar produtos com cuidado e agilidade.

Qual o lado ruim? Para Gean, há dias muito ruins, ou seja, com poucas compras. Ele atribui isso à entrada de muitas pessoas na plataforma. Ele também critica a falta de critério dos apps para aceitar um pedido. “Já recebi um pedido para comprar uma Coca-Cola para entregar a 10 km de distância. Esse tipo de pedido não deveria passar pelo app ou deveria haver um valor mínimo de taxa de entrega, independentemente da compra.”

Como é o treinamento? Na Cornershop, o treinamento era presencial nos hipermercados até a pandemia. “Fiz tudo digital, assisti a vários vídeos sobre coleta, como pegar produtos, cadastrar, conferir códigos de barros. Há um vídeo para cada seção. Até o contrato e assinatura foram digitalizados.”

O Rappi diz que o shopper recebe o treinamento inicial, que é composto por módulos teórico (vídeos e quizzes) e prático (realizado in loco com acompanhamento direto do supervisor). “Semanalmente, há reciclagens com foco na melhoria contínua da qualidade. Para reforço constante dos processos, são utilizadas ferramentas de treinamento via app.”

No Rappi, existem 1.150 shoppers atuando em mais de 200 lojas parceiras em 26 cidades do Brasil. A Corneshop não quis divulgar seus dados.

No Supermercado Now, o treinamento é virtual e presencial. “Todos os shoppers que se cadastram no nosso aplicativo fazem um treinamento online e, após a validação de cadastro, um treinamento presencial com o nossos líderes de loja. Entre os treinamentos estão a melhor forma de selecionar produtos, fazer a separação de pedidos para os clientes, por exemplo.”

O Supermercado Now trabalha com mais de 25 mil entregadores da Ame Flash e parte deles assume o papel de shoppers. “Cerca de 75% deles têm a função como principal fonte de renda. Durante a pandemia, fornecemos suporte e assistência para que eles possam trabalhar com segurança”, diz a empresa.

Qual o perfil? No Rappi, há uma predominância de shoppers mulheres com idade média de 27 anos e ensino médio completo. Na Cornershop, embora a empresa não confirme, parece haver mais homens, já que muitos também são ex-motoristas do Uber.

Dá para trabalhar disso? Em São Paulo, a fila de espera para atuar como shopper da Cornershop é imensa, reflexo do desemprego.