Fundação Padre Anchieta

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Um meme clássico da internet, a foto de uma garotinha que sorri enquanto uma casa pega fogo ao fundo foi vendida em um leilão por US$ 473 mil (R$ 2,5 milhões) na última quarta (28). A imagem, que se tornou uma espécie de patrimônio imaterial da rede, continua disponível para qualquer pessoa que fizer uma rápida pesquisa em qualquer plataforma de busca. 

Na realidade, a transação milionária não se refere ao meme em si, mas a um certificado digital de posse, chamado de NFT (non-fungible token, ou "token não-fungível", em tradução livre). 

Mas o que significa gastar milhares de dólares para "ser dono" de uma imagem que qualquer pessoa pode salvar com um clique? Para Alex De Vries, fundador do site Digiconomist, um NFT dá ao comprador, basicamente, o "direito de se gabar".

"Quando você compra um NFT, o que você ganha? Porque qualquer um pode salvar uma cópia e você ainda é o dono. Ironicamente, foi o que aconteceu quando uma obra de arte foi vendida como NFT por 70 milhões de dólares. Todos os portais usaram a imagem da obra para dar a notícia. [...] Na maioria das vezes, você só ganha o direito de dizer 'isso pertence a mim'. Frequentemente os direitos autorais não passam para você e, pior ainda, em alguns casos a obra comprada nem ao menos era propriedade de quem vendeu", explica. 

Pegada de carbono 

Além de questionar o valor atribuído a uma espécie de certificado de exclusividade, de Vries ressalta que a tecnologia que torna os NFTs possíveis também tem consequências para o meio ambiente. "Você pode estar comprando uma coisa que não é de verdade, mas a compra tem um impacto bem real no mundo", afirma. 

As emissões de carbono têm a ver com o uso do blockchain, o sistema que possibilita o registro de NFTs e precisa de grandes quantidades de energia e equipamentos para funcionar, sem parar, 24 horas por dia. 

A rede Ethereum, onde ocorre a maioria das transações de NFT, consome cerca de 40TWh (terawatts-hora) por ano, nas estimativas do especialista. Um contador no site Digiconomist coloca o consumo como comparável ao de toda a Nova Zelândia. Bitcoin, que utiliza uma quantidade de energia cerca de 2,5 vezes maior, tem um consumo energético anual similar ao da Argentina. 

Para de Vries, o custo ambiental desse tipo de transação não costuma ser considerado pelo usuário: "Se você está fazendo algo no blockchain, não é como se você estivesse sendo impactado diretamente com o custo ambiental daquilo. Não é você quem paga as contas de energia, quem paga é algum 'minerador' em um país como a China, por exemplo. Como usuário, você não vê isso. Sempre foi um custo escondido, de certa forma". 

Ele explica que o consumo de energia (frequentemente de fontes não renováveis e, portanto, piores para o meio ambiente) não é o único impacto a se considerar. Também são utilizadas grandes quantidades de hardware; há o gasto com a produção desses equipamentos e, como grande parte dos aparelhos fica obsoleta em poucos anos, intensifica-se a quantidade de lixo eletrônico a longo prazo. 

O especialista destaca, porém, que a rede Ethereum tem planos para adotar um modo de funcionamento mais sustentável. Assim como a Bitcoin, a tecnologia usa o sistema Proof-of-Work (PoW), que consome muito mais energia do que o modelo Proof-of-Stake (PoS). A meta da Etherium é fazer a transição em cerca de um ano, explica de Vries. 

Até lá, ele recomenda que os interessados em participar das transações tenham o impacto ambiental em mente e procurem serviços com alternativas mais verdes para compra e venda de NFTs.