O Roda Viva de segunda-feira (31) recebeu o senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade), que ocupa atualmente a vice-presidência da CPI da Covid.
O programa foi em torno da falta de vacinas no combate da pandemia, a irresponsabilidade do governo federal no enfrentamento da crise sanitária, os últimos acontecimentos no Brasil e a possibilidade de impeachment do atual presidente Jair Bolsonaro. Confira as melhores respostas:
Respostas sobre impeachment
Fabio Leite, repórter da Revista Crusoé, questionou se Randolfe sente que tem uma parcela da oposição, mais ligado a esquerda, que gostaria de ver o presidente sangrar, mas não vê-lo impichado.
Rodrigues respondeu: "Eu compreendo que tem vários elementos de crimes já cometidos pelo presidente da República, em momentos distintos. Aliás, o corolário dos crimes de responsabilidades apontados no artigo 85 da Constituição, ele já preencheu todinhos. Atentou contra independência dos poderes, atentou contra as instituições democráticas de direitos, cometeu crimes sanitários, cometeu, no meu entendimento, responsabilidade criminal pelo agravamento da pandemia e número de mortos, então tem vários elementos que já levariam ai. Eu não trabalho por sangrar ninguém, eu sempre aprendi na minha função pública a trabalhar pelo cumprimento das regras do jogo como elas estão colocadas".
Randolfe foi questionado se ainda é possível um impeachment de Jair Bolsonaro. Sua resposta foi:
"A CPI que nós estamos trabalhando, se chegar a conclusão de que houve de fato crime de responsabilidade, deve no relatório final do Senador Renan Calheiros apontar isso. Crime, seja qual for, de responsabilidade, crime comum, não pode ter tempo. O crime foi cometido, tem que as instituições funcionarem para fazer a averiguação do crime e confirmado o crime, a responsabilização do culpado".
Em relação aos 114 pedidos de impeachment parados na Câmara, ele responde que "Vamos ver os próximos pedidos que podem vir a ter. Eu não quero antecipar a posição do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito, mas esta é óbvio uma das conclusões que o relatório pode chegar. O crime de impeachment é um crime político, como crime político que é, ele defende de uma conjugação de fatores, um desses fatores é a pressão social, a pressão social pode ser motivadora ou não para inevitavelmente algum pedido de impeachment vir a ser aceito. Hoje me parece que o presidente da Câmara tem sido bem blindado sobre as pressões sociais que existem".
Respostas sobre Eleição Presidencial de 2022
A jornalista Carolina Linhares perguntou como Jair Bolsonaro deverá chegar na eleição presidencial de 2022. Para o senador, o atual presidente deverá chegar forte, mesmo com a popularidade dele estando mais baixa neste momento, pois se trata de um fenômeno de “populismo de extrema direita”
“Estamos diante de um fenômeno que nunca tínhamos tido experiência no Brasil. Um populista de extrema direita. E similar a outros populistas que tivemos no mundo, como o Franquismo, Salazarismo, Facismo, Nazismo. Todas elas atuam com algumas máximas. Inspirado em Goebbles, fazer mentiras até elas se tornarem verdade”, explicou o senador.
Para Rodrigues, a melhor forma de derrotar esse populismo é unir a oposição em uma tarefa civilizatória com a democracia brasileira. Mesmo sendo difícil, ele diz que trabalha com isso desde o primeiro dia de Bolsonaro como presidente da República.
“Temos que ter obsessão por isso [tirar o Bolsonaro do poder]. Vamos ter um trabalho enorme para superar o momento atual. Vamos precisar de todos. Teremos que construir o Brasil democraticamente, institucionalmente, economicamente e socialmente. Em cada um desses aspectos, estamos nos afundando mais”, finalizou.
Resposta sobre questionamento de Bolsonaro ao sistema de votos
Guilherme Amado, colunista do Metrópoles, perguntou para o senador sobre qual seria o maior interesse de Jair Bolsonaro, questionar o sistema de apuração dos votos brasileiros ou ter medo da sua possível derrota. Randolfe inicia dizendo que primeiro é lamentável o presidente da República levantar debates sobre a eleição quando há mais de 460 mil brasileiros mortos.
"O presidente da República deveria estar preocupado com vacina no braço dos brasileiros e com comida no prato, deveria estar preocupado em garantir o auxílio emergencial mínimo para as pessoas, agora ficar pautando eleição em um ano que não tem eleição, em um sistema de voto nosso que desde quando foi constituído no país tem demonstrado blindagens contra as fraudes e o próprio presidente da República foi eleito com esse sistema. O voto no Brasil é admirado por todo planeta".
Resposta sobre as manifestações recentes que ocorreram no país
Questionado por Cristiane Agostine, repórter de política do Jornal Valor Econômico, sobre as consequências da condução da CPI e os pedidos de impeachment, após as manifestações do último sábado (29), o entrevistado respondeu que os membros da CPI não podem se contaminar com os acontecimentos.
"Eu não recomendo aglomeração em hipótese alguma, seja de quem for. Agora é importante levantar as diferenças das manifestações que ocorreram. Uma é do presidente da República, sem o uso de máscaras, sem nenhum tipo de medida sanitária e dirigida e liderada por aquele que deveria ter a obrigação de proteger a saúde dos brasileiros. Outra manifestação organizada por um grupo de movimentos sociais procurando utilizar das mínimas medidas sanitárias e defender inclusive o que o governo não fez, a aceleração da vacinação, então essa diferenciação entre as características das duas manifestações que estão ocorrendo é importante ser assinaladas, afirma.
Rodrigues termina sua resposta dizendo que nenhuma manifestação pode influenciar a CPI e que "não é aceitável em manifestação o presidente da República ir a rua sem máscara, incentivar aglomerações, incentivar atentar contra as medidas sanitárias e levar um um general de três estrelas do exército desta forma esculachando a tradição do exército brasileiro que merece todo o nosso respeito, ofendendo não somente a Comissão Parlamentar de Inquérito, mas os mais de 460 mil brasileiros e brasileiras mortos".
Respostas sobre as fake news da Covid-19
Questionado sobre que tipo de fake news influenciou as mortes no Brasil, o senador respondeu que a maior delas foi a "Isso aqui não passa de uma gripezinha", falada pelo presidente da República.
"Até o dia 24 de março de 2020, nós tínhamos no Brasil um grande consenso, nós estávamos impactados pelas notícias que vinham de Wuhan e pelas tristes cenas de caminhões transportando corpos em Milão. No dia 24 de março, este consenso foi quebrado pela primeira das fake news. O presidente da República vai à televisão em cadeia nacional e diz que 'não era mais do que uma gripezinha', a gripezinha já fraturou mais de 460 mil famílias de brasileiros e brasileiras", afirma Randolfe Rodrigues.
Ele continua sua resposta dizendo que não foi a única notícia falsa divulgada por Jair Bolsonaro. "Tiveram outras que se seguiram. Parlamentares da base de apoio do governo chegaram a dizer que não tinham corpos sendo sepultados em Manaus. O presidente da República depois fez um pronunciamento incentivando a invasão de hospitais que tinham pacientes com Covid, então este padrão de notícias não falta investigação ampla de todas as fake news, às que tem a ver com o agravamento da pandemia é função dessa CPI investigar".
A apresentadora Vera Magalhães ainda questiona se isso no relatório da CPI entraria como um quadro geral que agravou a pandemia ou também com um pedido de responsabilização por essa questão específica da desinformação.
Randolfe responde que na compreensão dele é necessário ter responsabilização de quem espalhou notícias falsas. "Qual era a base científica [dos comentários]? Enquanto todos presidentes, e todos chefes de estado e de governo, de todos os países falavam da gravidade da pandemia, qual era a justificativa para o presidente do nosso país dar informações distorcidas sobre o que estava por vir? Quantas vidas custou esse tipo de declaração?", termina.
Assista ao programa na íntegra:
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