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Um estudo do Hospital das Clínicas de São Paulo acompanha centenas de pacientes que se curaram da Covid-19. Um terço dessas pessoas ainda têm algum tipo de sequela depois de um ano de alta. Os médicos querem descobrir o impacto futuro que a Covid-19 terá no sistema de saúde.

O Instituto de Reabilitação Lucy Montoro costumava atender pacientes com traumas provocados por violência urbana, acidentes de trânsito e AVCs. Entretanto, desde o começo da pandemia, um andar inteiro é usado para a reabilitação dos pacientes que se curaram da doença, inclusive de pacientes que tiveram Covid leve, e que são pessoas que precisam da ajuda de até cinco ou seis profissionais diferentes.

"A grande maioria chega com sintomas de muito cansaço e fadiga para fazer as atividades do dia a dia. Além de muita dificuldade de concentração, dificuldade de memória e de reter as informações do dia a dia. Muitos desses pacientes percebem essas alterações quando voltam para o trabalho, quando voltam para os estudos, quando tentam retomar, por exemplo, uma atividade física", explica a médica fisiatra Aline Mirisola em entrevista ao Jornal da Tarde.

O estudo do Hospital das Clínicas, coordenado pelo doutor Carlos Carvalho, está reexaminando 750 pacientes que ficaram internados no primeiro semestre do ano passado por causa da Covid-19. Um ano depois, muitos ainda estão com sequelas da doença.

"Se você tem esse número grande de pacientes, se você imagina que isso representa uma amostra da população, ou seja, aquele com quadros mais graves, que tiverem que ser internados, que precisaram de oxigênio e de intubação, mais de um terço deles, 6 a 11 meses depois, ainda estão com fadiga, cansaço e fraqueza", aponta Carlos Carvalho.

A ideia é que os resultados do estudo ajudem a encaminhar as pessoas o quanto antes para a reabilitação, evitando doenças crônicas que sobrecarreguem o SUS e impactem a vida dos pacientes a longo prazo.

"Isso é de interesse não só nacional, mas internacional, porque se nós diagnosticarmos precocemente e fizermos as intervenções precocemente, provavelmente nós vamos poder minorar esses efeitos a longo prazo, porque isso vai ser uma sobrecarga para o serviço de saúde importante. Nós vamos ter uma sobrecarga de outras doenças crônicas que não estavam na expectativa dos programas de governo, não só do Brasil, mas do mundo inteiro", completa o doutor Carlos Carvalho.

Veja a reportagem do Jornal da Tarde: