O Exército vacinou 130 servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) contra a Covid-19 sem o aval do PNI (Programa Nacional de Imunização). A informação é do jornal Folha de S.Paulo e foi publicada nesta quarta-feira (21).
Documentos reunidos pelo MPF (Ministério Público Federal) em inquérito civil confirmam que a vacinação de fato ocorreu. A investigação apura privilégios concedidos aos militares das Forças Armadas, forças de segurança e aos agentes da Abin.
Em resposta à procuradora da República Ana Carolina Roman, Caroline Gava, técnica do PNI, disse que "tivemos esclarecimento com o GDF [governo do Distrito Federal]. A coordenação de imunização entrou em contato conosco, perguntando sobre esses profissionais [da Abin]. No PNI, esses profissionais não estariam contemplados, por não disporem de ações diretas [relacionadas à atuação em segurança]". Se ocorreu a vacinação prioritária, a gente não tem como responder", completou.
O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, apontou em um ofício enviado ao MPF duas semanas antes, explicações para a vacinação dos agentes.
"Por fazerem parte do grupo de funcionários da força de segurança, houve o pleito de vacinação por parte da associação dos servidores da Abin para vacinação de 130 profissionais a serem contemplados, considerando o critério de exposição de risco epidemiológico decorrente do trabalho por parte desses servidores".
Segundo a Folha, "o documento confirma que a vacinação ocorreu, na Praça dos Cristais em Brasília, em uma parceria entre a secretaria e o Comando Militar do Planalto, do Exército."
"A listagem foi enviada diretamente para o Exército, considerando a importância da discrição quanto ao sigilo das atividades e nomes desses servidores", revela o documento.
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A reportagem ainda aponta que o mesmo foi feito pelo Exército, Aeronáutica e Marinha. O Ministério da Defesa apresentou ao Ministério da Saúde 29,6 mil nomes de servidores da ativa para serem vacinados como parte do grupo prioritário. O total corresponde ao efetivo com atuação em Brasília.
Em resposta ao MPF, o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, disse que a imunização dos agentes ocorreu devido à uma "iniciativa exclusiva" da Associação Nacional dos Oficiais de Inteligência. Ele destacou em ofício que o grupo continuou a trabalhar presencialmente durante a pandemia da Covid-19.
O Ministério da Defesa e o Exército não responderam às perguntas sobre o caso.
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