O relatório sobre o clima, divulgado nesta segunda-feira (9) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), é um "alerta vermelho" sobre o aquecimento global. De acordo com o documento, os seres humanos são responsáveis por um aumento de 1,07°C na temperatura do planeta.
É a primeira vez que o IPCC - um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) - quantifica a responsabilidade das ações humanas no aumento da temperatura na Terra. A avaliação foi dos últimos sete anos.
Os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera já são altos o suficiente para garantir a destruição do clima por décadas, senão séculos, alertaram os cientistas no relatório. Além disso, as ondas de calor letais, os furacões gigantescos e outros eventos climáticos extremos que estão acontecendo agora provavelmente se tornarão mais severos.
Descrevendo o relatório como um "alerta vermelho para a humanidade", o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu o fim do uso do carvão e de outros combustíveis fósseis altamente poluentes.
"Os alarmes são ensurdecedores", disse Guterres em um comunicado. "Este relatório deve soar como uma sentença de morte para o carvão e os combustíveis fósseis, antes que destruam nosso planeta."
Intitulado "Climate Change 2021: The Physical Science Basis" , o documento apresentou as seguintes conclusões:
- Papel da influência humana no aquecimento do planeta é inequívoco e inquestionável;
- Mudanças recentes no clima não têm precedentes ao longo de séculos e até milhares de anos;
- Todas as regiões do globo já são afetadas por eventos extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento global;
- Cada uma das últimas quatro décadas foi sucessivamente mais quente do que qualquer outra década que a precedeu desde 1850;
- Temperatura vai continuar a subir até meados deste século em todos os cenários projetados para as emissões de gases de efeito estufa;
- Aquecimento de 1,5°C a 2°C será ultrapassado ainda neste século se não houver forte e profunda redução nas emissões de CO² e outros gases de efeito estufa;
- Reduções fortes e sustentadas na emissão de dióxido de carbono (CO²) e outros gases de efeito estufa ainda podem limitar as mudanças climáticas;
- Caso as reduções ocorram, ainda pode levar até 30 anos para que as temperaturas se estabilizem.
Os dados integram a primeira das três etapas do relatório do IPCC. As duas próximas publicações abordarão como lidar com o aquecimento e quais as estratégias para evitar um aumento ainda maior da temperatura.
No entanto, o texto desta segunda deve ser o único divulgado antes da Conferência das Partes (COP26), prevista para novembro em Glasgow, na Escócia.
Assista a reportagem do Jornal da Tarde desta segunda-feira (9):
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