O número de casos de crianças com diagnóstico de miopia aumentou no Brasil durante a pandemia, segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Para 75,6% dos especialistas, essa situação tem como causa principal a exposição constante das crianças e adolescentes às telas.

Já havia lazer através da televisão, computador e videogame, mas com o ensino à distância, as horas de consumo de aparelhos eletrônicos aumentaram. Os pacientes que tinham um acompanhamento oftalmológico também registraram avanço da miopia.

Diante desse cenário, os pais podem estar desamparados ao buscar pelos modelos de óculos mais indicados para os seus filhos. Para entender quais são os próximos passos, o site da TV Cultura entrevistou o Dr. Victor Cvintal, oftalmologista do Hospital Santa Catarina.

"Não se sabe ao certo se é o estímulo para enxergar de perto, os raios azuis das telas dos eletrônicos ou a ausência do sol que estimulam o aumento da miopia", afirmou. Ele indica que a cada 20 minutos, a pessoa descanse 20 segundos ao olhar a 6 metros de distância, para amenizar o trabalho dos olhos.

Para as crianças, é recomendado uma pausa a cada 20-30 minutos para levantar e dar uma volta pelo ambiente, ou buscar um copo de água na cozinha, isso também gera a hidratação. "Se a criança permanecer no lugar, será muito difícil não ter a tentação de olhar o celular de perto", complementou.

Segundo Cvintal, usar óculos pela primeira vez representa uma mudança grande, em especial para os pequenos, pois não é visto apenas como um adereço e pode representar falsos estigmas, como o avanço da idade, doenças ou limitações. Por esta razão, é importante conversar com o filho antes da consulta com o oftalmologista, para explicar como será, entender quais são os seus medos e dúvidas, tanto para o exame, quanto para o uso dos óculos, assim ele ficará mais confortável com a nova etapa na sua vida.

Medo de parecer bobo, dúvidas de como irão reagir, insegurança de não se adaptar ou receio de ser o único aluno com óculos, são alguns dos pensamentos que passam pela cabeça das crianças, segundo Cvintal. O médico indica que os responsáveis procurem fotos de outras pessoas que usam o adereço, como familiares, personagens e influencers, para mostrar que é algo natural.

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Adson, de 6 anos, filho mais novo de Ana Cristina Carvalho, tinha 3 anos quando o médico indicou que era necessário o uso de óculos. Sua mãe fez questão de sinalizar quando outros dois alunos da sua sala também começaram a usar, para mostrar que ele não era diferente. Ele ficou feliz com isso, principalmente porque um dos alunos era sua amiguinha próxima.

Questionado se há um modelo ideal para as crianças, o Dr. Victor Cvintal respondeu que o mais indicado é aquele que elas escolhem e o poder da decisão gera o interesse do uso. "Já as lentes de policarbonato ou plástico são mais adequadas aos pequenos, por serem mais leves e resistentes ao impacto, além da necessidade delas terem proteção a raios UV, que podem ser prejudiciais aos olhos".

Este ano, Adson trocou os óculos pela primeira vez, após diagnóstico de astigmatismo. Por ser cuidadoso, a mudança só ocorreu porque o acessório ficou pequeno para o seu rosto em crescimento. Ana disse que mesmo com pouca idade, seu filho escolheu nas duas vezes os modelos que queria, assim como a indicação do médico citada acima. Dessa vez, eles foram na loja, viram as opções em cima da mesa e após provar alguns, escolheu sozinho uma armação preta com azul.

A mãe ainda mencionou que não precisa lembrar o filho de usar os óculos, eles já são fundamentais no seu dia a dia. Para o oftalmologista, isso é um resultado ótimo, porque não se deve forçar a criança a fazer algo, ela irá usar os óculos se forem bons para ela e se escolher aderir para também realçar sua personalidade, não irá tirar mais do rosto.

"Trate os óculos como uma joia que realça sua beleza interior e exterior e deixe a criança ser criança. Um pequeno seguro das suas escolhas, com apoio de seus heróis, será mais resistente aos medos e bullying", afirmou Cvintal.

O médico finalizou dizendo que caso o filho, principalmente adolescente, não esteja seguro com os óculos, há a opção de lentes de contato. Hoje a adaptação é mais fácil e pode auxiliar a diminuir a progressão da miopia.

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