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A TV Cultura divulgou, nesta quarta-feira (8), editorial acerca das declarações e posicionamentos antidemocráticos do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações de 7 de setembro.

A emissora destaca a retórica golpista adotada pelo chefe do Executivo, com ataques pessoais a membros do Supremo Tribunal Federal, e alerta para os riscos de um discurso que crie divisões entre os brasileiros e desestabilize o regime democrático.

O texto ainda aponta para as diversas crises enfrentadas pelo país no momento, que deveriam ser foco de atenção do mandatário: a pandemia de Covid-19, a crise hídrica, os altos níveis de desemprego, as queimadas na Amazônia e o desrespeito aos direitos humanos. 

"Todos esses desafios clamam por liderança e ação do presidente da República que, no entanto, dá as costas a tudo e a todos para cuidar de seus interesses eleitorais e pessoais. O Brasil precisa de trabalho e ordem para reencontrar sua vocação para o progresso", conclui o editorial.

Confira a íntegra do editorial da TV Cultura: 

"A comemoração do Dia da Pátria Brasileira ontem foi turvada pelas ameaças à democracia feita em meio à radicalização da retórica golpista adotada pelo presidente da República. Em eventos de cunho eleitoral que, no entanto, utilizam fartamente a estrutura do Estado e os cofres públicos, o chefe do poder Executivo fez ataques pessoais a membros das mais altas cortes judiciárias, prometeu desrespeitar sentenças e lançou incentivos à radicalização da sua militância.

Testemunha e vítima das agruras da ditadura militar, a TV Cultura alerta para a gravidade de todas as ações que possam desestabilizar o regime democrático, colocando o país em uma rota divisionista de brasileiros contra brasileiros.

É preocupante também que o presidente da República insista em provocar crises políticas enquanto não se dedica ao trabalho contra os verdadeiros e imensos desafios enfrentados pelo Brasil real. A pandemia da Covid segue fazendo vítimas, depois de ceifar a vida de quase 600 mil brasileiros. A inflação dispara pela primeira vez após três décadas, subindo preços de combustíveis, alimentos e moradia. A mais profunda crise hídrica em um século ameaça o abastecimento de energia e o consumo de água. O desemprego tira a esperança de 15 milhões de brasileiros. Os direitos constitucionais das minorias, como negros e índios, são institucionalmente atacados por órgãos públicos criados para promovê-los. As queimadas da Amazônia destroem aquele bioma fundamental para o equilibro ambiental de todo o país e ameaçam a vida de milhares de indígenas. 

Todos esses desafios clamam por liderança e ação do presidente da República que, no entanto, dá as costas a tudo e a todos para cuidar de seus interesses eleitorais e pessoais. O Brasil precisa de trabalho e ordem para reencontrar sua vocação para o progresso".