O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizou uma investigação e descobriu que policiais militares desviavam dinheiro e matavam criminosos que não pagavam propina.
O sargento Adelmo Guerini foi um dos alvos da operação. Guerini foi transferido para o batalhão de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, em fevereiro de 2020. Uma semana antes de iniciar o trabalho no novo batalhão, ele perguntou ao sargento Oly Biage como era a rotina na região e Biage respondeu que “Só é fraco $. Pegar alguém é merreca”.
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Segundo informações do MPRJ, na primeira semana de serviço, Guerini e seus companheiros de patrulha mataram um homem e desviaram R$2,7 mil. Em mensagens extraídas do celular do sargento, ele mencionou ter participado de quatro operações que resultaram em mortes. Em duas dessas ações, os agentes são acusados de desviar parte do material apreendido. Já nas outras duas, as mensagens revelam que os criminosos foram mortos porque não pagaram propina aos PMs.
No dia 6 fevereiro, o sargento enviou a Oly Biage duas fotos de ocorrências na favela Vila Ruth, em São João do Meriti: uma delas tinha um homem morto, com um tiro no peito. Na outra imagem, havia apenas uma pistola apoiada em um banco. Na sequência, Guerini contou nas mensagens que também “tinha 2.7” seguido de um “$”. Para o MPRJ, esses números fazem alusão à quantia de R$2,7 mil encontrada pelos agentes. Entretanto, o dinheiro não foi entregue na delegacia pelos policiais naquele dia.
Adelmo Guerini foi preso em maio de 2021 durante a Operção Mercenários, que teve como alvo um grupo de PMs acusados de participarem de uma organização criminosa na Baixada Fluminense.
A operação que resultou no desvio dos R$2,7 mil também registrou a morte de um adolescente. No mesmo dia, Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, de 14 anos, foi atingido por um tiro na perna enquanto voltava para a casa após uma consulta com sua psicóloga. A sessão fazia parte do processo de adoção pelo qual o jovem estava passando. A mãe de Luiz Antônio havia morrido há dois anos vítima de um câncer.
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As trocas de mensagens contidas no celular de Guarini também confirmaram que a equipe do sargento desviava material apreendido para pagar os informantes. Depois de uma operação, o oficial troca mensagens com um informante, conhecido como Kalunga, que agradece pelo celular recebido: “Boa noite aí, brigadão, hein! Celular lindão, novinho. Vou tomar cuidado. Amanhã cedo eu vou levar na loja aqui perto de casa e vou pedir para o cara desbloquear ele e vai botar um chip desse aqui lá”. O registro da ocorrência mostra que naquele dia, os agentes não entregaram nenhum celular na delegacia.
De acordo com o MPRJ, quando os grupos criminosos se recusavam a pagar a propina exigida, os agentes cometiam homicídios.
A Polícia Civil e o Ministério Público afirmaram que as investigações de todos os homicídios mencionados ainda estão em andamento.
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